Thiago Herdy

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Opinião

Inelegibilidade de Marçal abre caminho para outsiders na eleição de 2026

A um ano e meio do início da disputa presidencial de 2026, a inelegibilidade do influenciador digital Pablo Marçal embola o jogo eleitoral e abre espaço para o surgimento de novas candidaturas originadas fora do mundo da política tradicional, os chamados outsiders.

Nos últimos levantamentos da Quaest, o cientista político Felipe Nunes percebeu o aumento da rejeição ao atual governo associado a uma postura pela antipolítica, em moldes semelhantes ao vivenciado no país em 2018, ano da eleição de Jair Bolsonaro.

"É aí que a abstenção cresce e o outsider aparece", analisou ele.

O marqueteiro da campanha de Tarcísio de Freitas, Pablo Nobel, da agência PLTK, também faz leitura semelhante, ao considerar que "o pêndulo histórico está indo para a direita e dando espaço para o surgimento de um outsider da política".

Estamos falando de uma parcela do eleitorado que não quer saber de Lula, de Bolsonaro, ou de qualquer candidato apoiado pelos dois.

Neste contexto, dificilmente uma eventual candidatura de Marçal passaria despercebida.

Mesmo com os chutes muito abaixo da cintura contra adversários e as polêmicas levantadas na campanha municipal de São Paulo de 2024, o influencer recebeu o segundo maior volume de doações eleitorais da história, dinheiro vindo do Brasil todo, como mostrou o UOL.

A decisão contra Marçal ainda pode ser revista no âmbito do TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo).

Eventual recurso deverá ser julgado ainda neste ano, segundo advogados que acompanham a causa.

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Enquanto esperava o julgamento das ações contra ele na Justiça Eleitoral, Marçal disse não a entrevistas que não fossem por escrito e optou pelo silêncio.

Zarpou com a família para férias prolongadas nos EUA, onde desde o início do ano compartilha em redes sociais sua rotina esquiando na neve.

Ele foi julgado inelegível pelo juiz Antonio Maria Patiño Zorz, da 1ª zona eleitoral de SP, que durante a campanha sinalizou por diversas vezes considerar ilegal a conduta do candidato, em especial no uso que fazia das redes sociais.

Ainda há outros processos contra o influencer, à espera de julgamento pelo mesmo juízo.

Na última semana, um usuário do Instagram perguntou a Marçal se ele seria candidato a senador, ele fez cara feia; quando outro perguntou se seria candidato a presidente, a expressão mudou e ele fez o "M".

Estava cheio de esperança.

Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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