Mais da metade dos votos do governo na Câmara vieram do centrão

Embora o PT seja o partido mais fiel ao governo, os números acima refletem a menor representatividade dos partidos de esquerda na Câmara.

Mesmo sendo menos fiéis ao governo, União Brasil e PP têm, em conjunto, 109 deputados em sua bancada. O PT tem apenas 67.

Se considerarmos a Federação Brasil Esperança (que, além de PT, tem PC do B e PV) são 35.476 votos (22,1% do total), um pouco mais do que a União Progressista.

Já a nova federação em discussão, entre MDB e Republicanos, teria 17,9% dos votos totais.

Os dados são de levantamento do UOL com informações do portal de dados abertos da Câmara dos Deputados.

Os mais e menos fiéis

O PT é o partido mais governista da base aliada, com 98% dos votos de deputados seguindo a orientação do governo. É seguido pelos outros dois partidos de sua federação, PV e PC do B, e pelos aliados de 1ª hora PSB, PDT e Rede.

O problema para o governo é que, juntos, esses partidos têm apenas 46 deputados. Ou seja, mesmo que todos entregassem 100% dos votos, ainda seria um apoio insuficiente para ter maioria na Câmara.

Entre os "aliados de ocasião" (os partidos do Centrão com ministérios no governo), o PSD é o mais fiel. Entrega 82% dos seus votos na Câmara ao governo.

O União Brasil está na outra ponta, como o aliado mais infiel: garante apenas 68% dos votos pró-governo. Ainda assim, como tem mais deputados que os outros partidos, acaba dando mais votos ao governo que os outros aliados.

O PP, antes da federação, teve 76% de votos favoráveis.

Já na oposição, o Novo é o partido menos governista, com apenas 19% dos votos na mesma direção que a orientação do governo.

O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, deu 32% dos votos a favor de pautas orientadas pelo governo. Como a legenda é a maior da Câmara (90 deputados), a dissidência do PL contribuiu mais com o governo do que partidos da base como o PDT, PSOL e PCdoB.

O PDT anunciou na semana passada que deixará de fazer parte da base governista na Câmara, o que poderá reduzir ainda mais sua participação nos votos favoráveis ao Executivo. Não se espera que a sigla passe a votar majoritariamente contra o governo, mas o afastamento pode ser prejudicial à frágil base de sustentação.

Como foi feito o levantamento

O UOL usou os dados abertos da Câmara para comparar mais de 210 mil votos dados por congressistas desde o início de 2023 com as orientações feitas pelo governo nessas proposições. Votações em que o governo não orientou foram desconsideradas. Abstenções e obstruções foram consideradas como votos que não seguiram o governo. Os dados, no entanto, devem ser lidos com cautela. Ao contar o total de votos entregues por todos os partidos, são incluídas tanto votações muito importantes quanto outras menos vitais para o Executivo. De toda forma, são um indicativo de como os partidos aliados e de oposição se comportam.