Trump foi a eventos, esteve com pessoas e gera corre-corre após diagnóstico

Em demonstração de irresponsabilidade e indiferença com a saúde dos norte-americanos, mesmo aqueles que o apoiam, o presidente Donald Trump participou de um evento com doadores na noite de quinta-feira, em Nova Jersey, horas depois de sua assessora Hope Hicks testar positivo para o coronavírus.

Mark Meadows, chefe administrativo da Casa Branca disse a repórteres que Trump foi informado do resultado positivo do teste de Hicks quando embarcava em um helicóptero rumo ao encontro. "Ficamos sabendo quando o helicóptero estava decolando ontem. Tiramos algumas pessoas do voo", revelou.

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Mesmo sabendo dos riscos, Trump seguiu viagem e apareceu diante de centenas de pessoas em seu clube de golfe em Bedminster, tanto ao ar livre quanto em ambientes fechados. Durante o evento, o presidente estava letárgico e teve contato com cerca de 100 pessoas, segundo descreveu um dos presentes ao jornal "The New York Times".

A Casa Branca não explicou por que decidiu manter a agenda do presidente mesmo sabendo da condição de Hicks, dada sua proximidade com o presidente. Nem mesmo a porta-voz da presidência, Kayleigh McEnany, sabia do diagnóstico positivo da assessora na manhã de quinta-feira.

Horas antes, McEnany havia viajado com Trump e Hicks a Minnesota, onde o presidente realizou um comício diante de milhares de pessoas. A exemplo do que aconteceu em eventos anteriores, o comício não teve nenhuma preocupação com uso de máscaras e distanciamento social, expondo enorme quantidade de pessoas ao risco de contaminação.

Quem também demorou a ser informado sobre a contaminação foi o ex-vice presidente Joe Biden, candidato do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos, que participou de um debate com Trump na noite de terça-feira. Biden não recebeu nenhuma notificação da Casa Branca sobre o resultado positivo de Trump antes de a notícia ter sido amplamente divulgada.

Família Trump não usou máscaras durante debate na TV

A atitude irresponsável de Trump e sua equipe é ainda mais revoltante diante da revelação de que eles desrespeitaram os protocolos de segurança durante o debate. Segundo revelou o mediador Chris Wallace, jornalista da "FOX News", a família Trump não usou máscaras enquanto esteve no evento.

"Melania chegou usando mascara, mas tirou assim que sentou. Eu não vi quando os outros chegaram, mas todos os outros membros da família que eu vi na plateia, incluindo Ivanka, Tiffany, não estavam usando máscaras", contou Wallace, que também tinha familiares presentes.

Repórteres que cobriram o debate confirmaram o relato de Wallace e disseram ainda que um funcionário da Cleveland Clinic, palco do evento, se aproximou da família Trump para oferecer máscaras, mas foi ignorado.

O comportamento enfureceu democratas que estavam no local. "As regras não se aplicam a eles. Eles não pagam impostos, eles não usam máscaras, eles não obedecem nenhuma regra", esbravejou o deputado federal Tim Ryan, de Ohio, estado onde aconteceu o debate.

Segundo Ryan, não havia como obrigar familiares e aliados do presidente a colocar máscaras. "A gente esperava que a comissão organizadora fizesse alguma coisa. Eles entraram, e o debate começou. O que podemos fazer? É um desrespeito. Eles se acham acima da lei".

Corre-corre para testar quem esteve com o presidente
A notícia da contaminação de Trump e pessoas próximas ao presidente deu início a uma correria por testes entre aliados e altos membros do Partido Republicano. Entre eles, o ex-governador de Nova Jersey, Chris Christie, e o ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, que foram fotografados ao lado de Trump nos bastidores do debate.

O senador Mike Lee, republicano de Utah, já confirmou o resultado positivo. Ele se reuniu na última terça-feira com a juíza Amy Coney Barrett, indicada por Trump para a Suprema Corte, e com o senador Lindsay Graham, da Carolina do Sul.

Em email enviado nesta sexta-feira, a campanha de Trump recomendou "quarentena imediata" a todos que tiveram contato com alguém que testou positivo, o que deve atrapalhar não somente os planos do presidente para a reta final da eleição, mas também a confirmação de Barrett à vaga na Suprema Corte, uma das apostas dos republicanos para reverter a desvantagem nas pesquisas.