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Wálter Maierovitch

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Bolsonaro é fator de risco às crianças brasileiras

Colunista do UOL

23/12/2021 09h12Atualizada em 23/12/2021 09h16

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As palavras são como as pedras. Servem para a defesa e para o ataque. Também servem as palavras, - como as pedras -, para construir ou destruir.

Lembrou disso o professor italiano de história contemporânea Emilio Gentile.

O professor Gentile, - respeitado em toda a Europa e nos EUA pela profundidade das suas obras sobre o "fascismo" mussoliniano -, é da universidade La Sapienza de Roma, fundada em 1303.

Ao se posicionar contra a vacinação de crianças com idades de 5 a 11 anos, o presidente Bolsonaro usa as palavras para destruir. Ele afronta a ciência, coloca em risco real e iminente as crianças, apavora os genitores, difunde a ignorância e estimula o negacionismo dos boçais.

Deixar sem proteção vacinal as crianças, — ou estabelecer exigências para que não consigam se imunizar ( apresentações de autorização dos pais e atestado médico)—, tipifica mais uma conduta criminosa do presidente Bolsonaro.

Frise-se: os cientistas e os médicos alertam que a vacina protege as crianças. Salva crianças. E a imunização contribui para a redução, — nas escolas e nas residências onde vivem as crianças —, da propagação do vírus da Covid, com as suas cepas variantes conhecidas por letras gregas: alfa, beta, gama, delta e omicron.

Na Itália que foi na Europa ocidental e democrática o epicentro da epidemia da Covid, a começar pela pequena cidade lombarda de Codogno, a vacinação das crianças já teve início e 2,5% delas já receberam a primeira dose. Lógico, em quantidade menor à ministrada aos adultos.

Uma informação a chamar a atenção do mundo civilizado e dos governantes responsáveis foi divulgado pelo jornal La Repubbica, edição de 22 de dezembro. A informação é a seguinte: das 384 mil pessoas infectadas na Itália, 100 mil são menores de 18 anos de idade.

Atenção: dos 100 mil menores infectados, 51% são crianças de 5 a 11 anos de idade.

Portanto, dos 100 mil menores italianos infectados, 51 mil são crianças entre 5 e 11 anos.

A autorização da Anvisa já está dada para a vacinação de crianças de 5 a 11 anos de idade, mas o governo Bolsonaro cria entraves. Com efeito, chegou o momento de os governadores estaduais agirem, com base no entendimento autorizador dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Deve-se lutar contra o tempo que passa e contra dupla Bolsonaro-Quiroga. A velocidade de propagação da Omicron, segundo tem alertado o professor Gonçalo Vecina nas suas intervenções no UOL, é muito mais veloz que as outras cepas.

O ministro da saúde do governo Bolsonaro quer promover audiências públicas para discussões sobre a vacinação de criança. Quer trocar a ciência pelo debate político.

No fundo, trata-se de sabujismo do ministro Queiroga, ou seja, atrasar para agradar o chefe Bolsonaro.

Não ocorrerá surpresa se algum representante do Ministério Público ingressar na Justiça com pedido de interdição do presidente Bolsonaro, por problemas mentais. Tudo com pedido liminar de afastamento cautelar da função pública.

Num pano rápido e a lembrar o grande e saudoso jurista Clóvis Beviláqua, existem "loucos de todos gêneros". Bolsonaro é insano, de algum dos gêneros.