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Wálter Maierovitch

OPINIÃO

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Ministra da Justiça se destaca na 1ª 'peneira' da eleição da Itália

Marta Cartábia, atual ministra da Justiça da Itália - Reprodução
Marta Cartábia, atual ministra da Justiça da Itália Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

24/01/2022 16h33Atualizada em 25/01/2022 11h19

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A votação para a escolha do presidente da república italiana começou pontualmente às 15h (11h de Brasília), no Palazzo Montecitorio, sede da Câmara do estado unitário italiano.

Não foi aceito o voto à distância, como se imaginava. Por isso, parlamentares com covid-19, e outros doentes, foram levados em ambulâncias e tiveram preferência para votar.

Fundador do inicialmente separatista partido da Liga Norte, Umberto Bossi compareceu, em cadeira de rodas. Chegou em ambulância. Umberto Bossi é conhecido corrupto, apropriava-se do dinheiro do partido. É um fantasma que não conta mais na vida política: teve um ictus cerebral e se elege em lista partidária.

Sem apresentar passaporte vacinal, os votantes, - parlamentares e delegados regionais - , foram avisados, com dias de antecedência, que não poderiam ingressar no Palazzo Montecitorio sem comprovante vacinal. A alternativa seria a testagem, algo efetivamente colocado à disposição na entrada da Câmara.

A deputada Sara Cunial, uma conhecida negacionista (no-vax), recusou-se a fazer a testagem e foi barrada.

O ex-presidente e senador vitalício Giorgio Napolitano, pelo estado de saúde, não pode comparecer. A surpresa ficou por conta do anúncio do falecimento, hoje, de uma deputada e o suplente teve de ser convocado.

Primeiramente votaram os enfermos presentes, depois os senadores vitalícios, deputados, senadores e delegados regionais.

Por volta das 8h, já se sabia que a direita iria votar em branco. Também se disse que não haveria vencedor no primeiro escrutínio, que exige um ganhador com 2/3 dos votos.

Nomes diversos surgiam a cada minuto. Nomes de mulheres eram falados como o de Marta Cartábia, magistrada da Corte Constitucional entre setembro de 2011 e setembro de 2020 e atual ministra da Justiça.

Outro nome de peso era o da senadora vitalícia Liliana Segre, uma judia salva de campo de concentração e extermínio nazista.

Enquanto ocorria a votação, líderes políticos e partidários procuravam um nome de consenso. Como dizem: "autorevole" e super partes.

O nome mais cotado é o de Mario Draghi, atual primeiro-ministro. A direita não aceita o nome, no momento, por entender não se poder perder Draghi como chefe de governo: primeiro ministro. Todos sabem haver Draghi tirado a Itália de uma situação quase pré-falimentar. Na verdade, um,a desculpa engendrada pela direita, ou melhor, uma "jogada política" para deixar Draghi fora.

O nome que aparece quando Draghi é tirado de cena é o de Pier Ferdinando Casini, um católico com o apoio velado do Vaticano. Ele se pocsiciona mais à direita do que ao centro, aliás, como está dizendo Matteo Renzi, ex-primeiro ministro e líder do partido Itália Viva.

A chamada dos votantes, nas suas classes, foi realizada por ordem alfabética.

Como novidade, o presidente da Câmara —o speaker a puxar cédula por cédula e divulgar o voto— só leu o sobrenome dos votados.

O referido presidente da Câmara inovou. Explicou que muitos escrevem, por exemplo, Marino Mario. Invertem para ficar marcado em quem se votou. Para melhor transferência e sem "joguetes", só será narrado o sobrenome.

No final do dia, o anúncio esperado: foram 976 votantes e os 2/3, - 672 votos -, ninguém atingiu. No placar, 672 votos brancos e 49 nulos. Cartábia teve nove votos. Mas, se cacifou como a mulher mais votada.