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Wálter Maierovitch

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Eleições na Itália: Com espinhos, 1ª 'rosa' é da direita e é rejeitada

Matteo Salvini -
Matteo Salvini

Colunista do UOL

25/01/2022 13h51Atualizada em 25/01/2022 16h59

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Segundo escrutínio concluído.

Não alcançados os 2/3 de votos exigidos pela Constituição

Barreira constitucional: 673 votos.

Comparecimento: 986 votantes. Total dos com direito a voto: 986

Votos em branco: 527

Nulos: 38

Abaixo, o mais relevante do dia, com comentários.

Surge a primeira rosa

Neste 25 de janeiro, - segundo dia de votação para a escolha indireta do presidente da República -, as lideranças políticas italianas se agitam e pressionam para ganhar a opinião pública.

O cenário de momento mostra dissenso agudo.

As três forças de direita, Forza Itália (líder Silvio Berlusconi), Liga Norte (líder Matteo Salvini) e Fratelli d´Italia ( líder Georgia Melloni), estão a usar a conhecida estratégia chamada de "apresentação da sua rosa".

A "rosa" significa a apresentação de uma lista de nomes para análise e eventual consenso pelas forças contrárias, no caso, de esquerda e centro esquerda.

A rosa da direita italiana conta com três pétalas: Marcello Pera, político, escritor, filósofo e já presidente do Senado, Letícia Moratti, ex-prefeita e ministra ao tempo do primeiro-ministro Berlusconi e Carlo Nordio, um jurista de respeito.

Pelo que se nota, trata-se de uma rosa com muitos espinhos. Não dá para segurar o cabo sem se ferir com os espinhos.

Cada um dos três partidos direitistas indicou um nome. Por evidente, nomes com raízes conservadoras e pouco europeístas. E na apresentação da rosa, o falso discurso feito por Salvini. Sem corar, disse ter Berlusconi, num gesto conciliador, desistido da candidatura que era vencedora.

Enquanto isso, o atual presidente, Sergio Matarella, um verdadeiro homem de Estado e unanimemente considerado um excelente presidente da República, manifestou-se pelo apressamento na escolha, com dois escrutínios por dia.

Homem experiente e sofrido na vida (o irmão foi assassinado pela máfia quando governava a Sicília), Matarella percebe, a cada dia que passa, um aumento de animosidade e o populismo da direita a alimentar o barômetro político.

A direita, ao apresentar a sua rosa, provocou os adversários ao sustentar que, nos últimos 30 anos, os presidentes foram escolhidos pela esquerda e chegou o momento de mudar.

Espera-se, ainda para hoje e ao final do segundo escrutínio, que se projeta como ineficaz, a apresentação, pela esquerda, da sua rosa.

Como numa luta de boxe, os primeiros dois escrutínios, onde se exige um vencedor com 2/3 dos cerca de mil votos, servem para se ganhar tempo.

Volto a recordar os votantes. Formalmente são 630 deputados, 321 senadores (incluídos os vitalícios) e 53 delegados das regiões (cada região apresenta três delegados e a região do Vale d'Acosta apenas um representante).

O objetivo da esquerda é ganhar tempo em busca de um nome de consenso ou que consiga, - a partir do quarto escrutínio com maioria absoluta e não mais 2/3 -, ultrapassar a barreira numérica constitucional.

Embora a direita resista em aceitar o nome de Mario Draghi, - e a desculpa esfarrapada é de ser ele um excelente primeiro-ministro -, não existe outro com tamanho prestígio e respeito em toda a Europa. Draghi foi presidente do Banco Central europeu.

Pano rápido. Nuvens carregadas ainda circundam o Palazzo Montecitório. O segundo escrutínio não vai dar em nada.