Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Eleições na Itália: Com espinhos, 1ª 'rosa' é da direita e é rejeitada
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Segundo escrutínio concluído.
Não alcançados os 2/3 de votos exigidos pela Constituição
Barreira constitucional: 673 votos.
Comparecimento: 986 votantes. Total dos com direito a voto: 986
Votos em branco: 527
Nulos: 38
Abaixo, o mais relevante do dia, com comentários.
Surge a primeira rosa
Neste 25 de janeiro, - segundo dia de votação para a escolha indireta do presidente da República -, as lideranças políticas italianas se agitam e pressionam para ganhar a opinião pública.
O cenário de momento mostra dissenso agudo.
As três forças de direita, Forza Itália (líder Silvio Berlusconi), Liga Norte (líder Matteo Salvini) e Fratelli d´Italia ( líder Georgia Melloni), estão a usar a conhecida estratégia chamada de "apresentação da sua rosa".
A "rosa" significa a apresentação de uma lista de nomes para análise e eventual consenso pelas forças contrárias, no caso, de esquerda e centro esquerda.
A rosa da direita italiana conta com três pétalas: Marcello Pera, político, escritor, filósofo e já presidente do Senado, Letícia Moratti, ex-prefeita e ministra ao tempo do primeiro-ministro Berlusconi e Carlo Nordio, um jurista de respeito.
Pelo que se nota, trata-se de uma rosa com muitos espinhos. Não dá para segurar o cabo sem se ferir com os espinhos.
Cada um dos três partidos direitistas indicou um nome. Por evidente, nomes com raízes conservadoras e pouco europeístas. E na apresentação da rosa, o falso discurso feito por Salvini. Sem corar, disse ter Berlusconi, num gesto conciliador, desistido da candidatura que era vencedora.
Enquanto isso, o atual presidente, Sergio Matarella, um verdadeiro homem de Estado e unanimemente considerado um excelente presidente da República, manifestou-se pelo apressamento na escolha, com dois escrutínios por dia.
Homem experiente e sofrido na vida (o irmão foi assassinado pela máfia quando governava a Sicília), Matarella percebe, a cada dia que passa, um aumento de animosidade e o populismo da direita a alimentar o barômetro político.
A direita, ao apresentar a sua rosa, provocou os adversários ao sustentar que, nos últimos 30 anos, os presidentes foram escolhidos pela esquerda e chegou o momento de mudar.
Espera-se, ainda para hoje e ao final do segundo escrutínio, que se projeta como ineficaz, a apresentação, pela esquerda, da sua rosa.
Como numa luta de boxe, os primeiros dois escrutínios, onde se exige um vencedor com 2/3 dos cerca de mil votos, servem para se ganhar tempo.
Volto a recordar os votantes. Formalmente são 630 deputados, 321 senadores (incluídos os vitalícios) e 53 delegados das regiões (cada região apresenta três delegados e a região do Vale d'Acosta apenas um representante).
O objetivo da esquerda é ganhar tempo em busca de um nome de consenso ou que consiga, - a partir do quarto escrutínio com maioria absoluta e não mais 2/3 -, ultrapassar a barreira numérica constitucional.
Embora a direita resista em aceitar o nome de Mario Draghi, - e a desculpa esfarrapada é de ser ele um excelente primeiro-ministro -, não existe outro com tamanho prestígio e respeito em toda a Europa. Draghi foi presidente do Banco Central europeu.
Pano rápido. Nuvens carregadas ainda circundam o Palazzo Montecitório. O segundo escrutínio não vai dar em nada.
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