União Europeia vai traçar linha vermelha para Netanyahu na Faixa de Gaza

O representante da UE (União Europeia) para política de segurança e negócios estrangeiros, Josep Borrel, visitou no final de semana o presidente do Egito e o rei da Jordânia.
Nesta segunda-feira (21), por videoconferência e para relatar a viagem, Borrel reuniu-se com os chanceleres dos 27 Estados-Membros integrantes da UE. Ainda não foi divulgado nada acerca de deliberações.
Preocupação europeia
Como é sabido, a UE apoia, como os EUA, a ação defensiva de Israel contra o Hamas, considerado uma organização terrorista.
A reação inicial de Israel foi legítima e ninguém duvida em Bruxelas, sede do Parlamento Europeu. No 7 de outubro houve terrorismo, com execuções miradas na população civil de Israel, feitura de 242 reféns (dois já liberados), dentre eles, um bebê de 11 meses, crianças, mulheres e idosos.
Mas, na Faixa de Gaza, a desproporcional reação das forças bélicas israelenses do governo Benjamin Netanyahu —em flagrante violação ao Direito das Gentes— virou preocupação para a UE.
Na verdade, o bloco europeu tampouco seus dirigentes querem ter as imagens de coniventes com ações de guerra desproporcionais e excessivas.
Em palavras mais diretas, os dirigentes europeus receiam o rótulo da conivência em relação à matança da população civil palestina, com enorme quantidade de mulheres, crianças e idosos eliminados.
Atenção: tecnicamente, o excesso na legítima defesa representa crime contra a humanidade. Ainda tecnicamente, não há guerra, pois só existe um Estado envolvido. Assim, não é correto afirmar crime de guerra. Existe conflito e crime contra a humanidade, pelos excessos de Israel.
Frise-se ainda ter tido o chanceler Borrel, nas visitas ao Egito e à Jordânia, a companhia de Ursula van der Leyn, a toda-poderosa presidente da Comissão Europeia.
Van der Leyn é uma defensora dos direitos da pessoa humana e da não violação do Direito das Gentes, que muitos preferem chamar de Direito Internacional Público.
Gush Emunin: grilagem bíblica e milícia
Durante a visita, Van der Leyn e Borrel, na Jordânia, tomaram ciência da explosiva situação na Cisjordânia.
Como já informei, supremacistas judeus e religiosos ortodoxos estão promovendo, em vilarejos e propriedades agrícolas, a expulsão de colonos palestinos. Pura grilagem, pois a Cisjordânia não é terra de Israel, mas palestina.
Os jornais europeus desta segunda-feira (20) informam que os supremacistas judeus e os religiosos estão contando com apoio de soldados fardados, a formar milícia.
As milícias bloquearam as estradas, colocando obstáculos, como pedras. Desse modo, até as colheita e escoamento da safra de olivas (azeitonas) estariam comprometidos.
Pelo que se sabe, Bruxelas (UE) irá reagir e colocará pressão em Netanyahu, cujo ministro da Defesa, o ultradireitista Itamar Bem-Gvir, é um dos incentivadores do Gush Emunin, ou seja, o movimento de ocupação definitiva da Cisjordânia.
Para esse movimento de matriz fascista, com o fanático rabino Zvi Yeruda Kook na liderança, a Cisjordânia, ocupada por Israel na Guerra dos Seis Dias de 1967, é considerada território bíblico de Israel. Representaria a Israel bíblica das antigas regiões da Samaria e Judeia.
As pequenas cidades e vilarejos mais atacados pelas milícia do Gush Emunin são as seguintes: Dahiriya, Samu, Sussia, Masafer Yalta, Zanuta, Razin.
Pelos acordos de paz de Camp David, a Cisjordânia está dividida em três faixas territoriais administrativas. Em duas delas, a ANP (Autoridade Nacional de Palestina) tem o poder de policiamento civil. Na terceira, o poder de polícia é só de Israel.
Os ataques das milícias do Gush Emunin ocorrem nas faixas sob administração da ANP, que está quebrada financeiramente a ponto de não pagar os seus policiais.
Linha Vermelha
Diante desse cenário percebido por Van der Leyen e Borrel, a UE irá adotar, como adiantado aos presidentes do Egito e ao rei da Jordânia, posição firme perante o governo Netanyahu.
A UE vai traçar uma "linha vermelha", de não ultrapassagem, a ser divulgada formalmente. As posições seriam as seguintes:
Não haverá reocupação da Faixa de Gaza pelo Hamas, que a governava desde 2007 e lá mantinha, como braço armado, as Brigadas Al Qassan (cerca de 30 mil combatentes divididos em cinco brigadas, 24 batalhões e 120 companhias).
Não permanência de Israel findo o conflito. Netanyahu falou em ocupação indeterminada e, recentemente, indicou o nome de um gestor, o ex-premiê britânico Tony Blair. Isso pelo sucesso de Blair na pacificação da Irlanda e de manter escritório em Jerusalém.
A ANP como gestora de toda a Faixa Gaza.
Para especialistas em geoestratégia militar, a gestão pela ANP é um erro grave, pois ela não consegue controlar nem as duas faixas da Cisjordânia sob sua administração. Está falida e com liderança impopular de Mahmoud Abbas.
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