Corsário Trump tenta crimes contra a humanidade em Gaza e assalto à Ucrânia
Ler resumo da notícia
A diferença entre os piratas e os corsários está na "chapa branca".
Os corsários, oficialmente, assaltavam, roubavam e matavam nos mares. Os livros de história revelam que os corsários exibiam uma carta de autorização para espoliar, a chamada "carta de corso", assinada pela rainha da Inglaterra. O butim era dividido com a rainha, vista como legitimadora das ações bandidas.
O pirata, diferentemente, assaltava e roubava por sua conta própria, sem butim a dividir.
Trump, em menos de dez dias, veste-se de corsário. Usa o cargo de presidente dos EUA como sua carta de corso.
Aí, sem corar as faces, mostra o seu plano de assaltar a faixa de Gaza e de coagir para tomar as riquezas da Ucrânia.
No particular, Trump é movido pela ambígua ética da vantagem econômica, em troca de fornecimento de apoio bélico-militar.
Limpeza étnica e outra 'Nakba'
À luz do direito internacional, o chamado direito das gentes, a proposta de esvaziar a faixa de Gaza, com remoção forçada de cerca de 2 milhões de palestinos (antes da guerra, eram 2,2 milhões), tipifica o crime de limpeza étnica, que é um crime contra a humanidade.
E tem mais. Trump ignora a divisória Resolução 181-1947 da ONU, que estabeleceu dois territórios para dois povos, na Palestina. Até agora, só temos o Estado de Israel.
A proposta de Trump não é só ilegal, mas imoral.
Antes do encontro do presidente Trump com o premiê Netanyahu, seu assessor Steve Witkoff, representante dos EUA para o Oriente Médio, quis dourar a pílula, mas não convenceu.
A justificativa de Witkoff, de que a reconstrução de Gaza é impossível com pessoas na faixa territorial, soou como lorota, diante da assertiva de Trump.
Atenção: a proposta de Trump para Gaza envergonha o povo judeu, que, na sua longa história, viveu expulsões, escravidão e êxodos. A não desaprovação por parte de Netanyahu foi vergonhosa.
Além do crime contra a humanidade anunciado, a limpeza étnica, Trump quer matar o direito internacional público.
Ele ignora a história e prepara-se para repeti-la. O povo palestino, quando da Resolução 181 da ONU, teve de migrar para a instalação do Estado de Israel.
A esse episódio, o êxodo palestino, os historiadores chamam de "Nakba", que significa "catástrofe". Para os palestinos, esse êxodo foi um holocausto.
Rapina na Ucrânia
Para não gastar muita tinta, como se dizia antigamente, vamos à proposta de Trump para Zelensky, já em situação de desespero com o corte do apoio econômico e militar por parte dos EUA.
Trump disse, e os jornais europeus destacaram, dado o susto causado no âmbito da União Europeia: "Quero uma garantia. Estou procurando encontrar um termo de acordo com a Ucrânia. Eles (ucranianos) garantirão com terras raras e outras coisas o que estamos dando e daremos".
Trump, no velho estilo mercantilista, quer uma recompensa em lítio, titânio e urânio. De olho nas baterias para os veículos elétricos, por exemplo, quer explorar as abundantes reservas ucranianas.
Como disse Zelensky a empresários norte-americanos no recente fórum de Davos, a Ucrânia precisa ser reconstruída, e ele, como presidente, está certo do interesse das empresas da construção civil norte-americana.
Pelos seus cálculos, a Ucrânia precisará, na reconstrução, de US$ 500 bilhões.
Para a União Europeia, ajudar a Ucrânia significa segurança contra a expansão russa. Já para Trump, tudo não passa de "negócios" e exploração das fraquezas.
Pano rápido
Netanyahu mostrou-se um pigmeu aético diante de Trump. Envergonha o povo judeu e faz a alegria dos radicais israelenses.
Trump pensa em migração de palestinos para a Jordânia (que já abriga 3 milhões de palestinos refugiados) e Egito. Uma desumanidade.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.