Trump, a ficha começou a cair em relação a Putin após funeral do papa?

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As imagens do encontro entre os presidentes Donald Trump e Volodymyr Zelensky na basílica vaticana de São Pedro, sem intermediários e com o afresco do batismo de Jesus como pano de fundo, geraram muitas especulações. Isso, nos campos do direito internacional, da diplomacia, da geopolítica e das agências de espionagem.
Os otimistas entendem haver "caído a ficha" de Trump depois da conversa franca com Zelensky, com ambos sentados em cadeiras simples cadeiras e no clima triste do funeral de um papa pacifista e humanista.
Otimismos e pessimismos
Alguns jornais italianos afirmaram estar Trump com a impressão de ter sido enganado por Wladimir Putin, o presidente russo. Por isso, começou a mudar de lado e perceber melhor o cenário.
O termo usado nos salões e pela imprensa italiana é haver Trump sido "preso in giro": enganado por Putin. Nos ambientes descontraídos, emprega-se "preso per il culo", numa referência aos animais abatidos e pendurados nos açougues.
Os jornais franceses preferiram fazer a leitura interpretativa com base na declaração de Marco Rubio, secretário de Estado americano: "Semana decisiva para a Ucrânia".
Se um certo prazo de duração foi mencionado, pareceu não estar Trump confortável em assistir às forças russas atacar em represália
Enquanto Trump se esforçava para a paz, acabou enganado por Putin, que se aproveitou da força das frases do americano, a soar como se estivesse do lado do amigo Wladimir.
Os pessimistas, por sua vez, lembraram a histórica linha diplomática russa. Ela é seguida por Putin, pois foi nela que se formou quando esteve na KGB. Segundo essa linha, a tática é demorar para fechar acordos e aproveitar para avançar em terra.
Ainda a lembrar os jornais europeus de linhas editoriais mais pessimistas, vários focaram nas palavras de Sergei Lavrov, o ministro de relações exteriores.
Lavrov reclamou do grupo ucraniano que participa dos encontros de busca de paz: deveriam aliviar posições, destacou Lavrov. Para os especialistas em direito internacional e diplomatas de pijama, Lavrov referia-se à resistência na cessão de territórios e, ainda, na pretendida devolução da Crimeia. No particular, até Trump entende a Crimeia como russa, por fato consumado há anos, pós-invasão e consolidação.
Entre otimistas e pessimistas, temos aqueles que se preocuparam em observar fatos circunstanciais. Por exemplo, Trump continuar a chamar o presidente ucraniano de 'mister' Zelensky, e o russo de Wladimir.
Numa chave de leitura diplomática, Wladimir, pelo tratamento, significa pessoa amiga. Quanto ao emprego de "mister" ao ucraniano, demonstra uma distância intencional, posta para ser notada até pelos distraídos.
Olhares supérfluos
No campo da superficialidade, o destaque ficou pela inadequação do trajar de Trump. Quase um 'gossip' não estivesse em jogo o funeral do pranteado papa Bergoglio, chamado nas ruas de Roma de "papa do povo", isto quando do cortejo fúnebre entre a cidade do Vaticano e o central bairro romano, onde encontra-se a basílica de Santa Maria Maggiore, local do sepultamento.
Assim, muitos criticaram Trump pelo seu chamativo terno azul royal, quando o protocolo do Vaticano alertava para cor escura, não vistosa. A propósito, Zelensky estava de preto e havia tirado as divisas militares.
Como o mundo dá voltas. Trump, que no Salão Oval, em fevereiro, reprovou os trajes de Zelensky, agora, no velório do papa Bergoglio, recebeu a reprovação pela inadequação da coloração e desrespeito ao protocolo.
Trump enigmático
Os 007 dos serviços da inteligência ocidental anotaram, nas trocas de informações entre agências parceiras, o desagrado de Trump com o recente bombardeio a Kiev: 12 mortes e 90 feridos graves. Da boca de um indignado Trump com a morte de civis ucranianos inocentes saiu a frase: "Pare com isso, Wladimir".
Manteve o tratamento amigo, Wladimir, mas reprovou a matança de civis. Repetiu a desaprovação, nos funerais.
A isso, acrescentaram os 007: Trump, anteriormente aos bombardeios dos dias 24 e 25 passados, havia sido desatendido por Putin, no pedido de cessar fogo por 30 dias. Pior, Putin intensificou os ataques, antes de negar o pedido de Trump.
Na própria basílica de São Pedro, Trump conversou com Macron e o premiê britânico Starmer. Ambos estão fechados no apoio a Zelensky, até pela segurança da Europa em face da expansão russa.
De ambos, Trump ouviu críticas a Putin e a sua resistência em não aceitar uma força deterrente europeia na Ucrânia e não abrir mão Putin de nenhuma das suas pretensões imperialistas.
Só para lembrar, das quatro províncias que Putin quer se apropriar e as considera território russo, as forças ucranianas ainda mantém o controle de duas.
Entre juízos otimistas e pessimistas, os mais realistas e cautos entendem estar o presidente americano a aceitar as "espertezas" de Putin por uma razão, ou seja, estar com os 'olhos grandes' nas riquezas com explorações das chamadas terras raras ucranianas.
Não que não perceba o invasor e sanguinário Putin firme na intenção de se apossar de territórios, querer a Ucrânia desmilitarizada, sem ingresso na Otan.
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