Conclave: cardeal é alvo de primeira puxada de tapete papável

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A capela Sistina ainda está sendo preparada para abrigar os cardeais e receber, em 7 de maio próximo, a primeira votação do conclave que definirá o próximo papa. Fora da Sistina, os eleitores purpurados já começam a formar os seus grupos, por preferências.
Como todos sabem, a Igreja católica, sediada no estado do Vaticano, é uma monarquia onde, segundo os vaticanistas, tenta-se conciliar o céu e a terra. E o papa é chefe de estado e, pelo lado religioso, o sumo pontífice com poder absoluto.
Como estado autônomo, o Vaticano (Santa Sé) é dotado de território, corpo de governo, moeda, exército simbólico com soldados, hino, bandeira, corpos de magistrados e de embaixadores (núncios apostólicos).
Por designação do falecido papa Bergoglio, o secretário de Estado, uma espécie de CEO da Santa Sé, foi o cardeal Pietro Parolin, nascido em 17 de janeiro de 1955 e carreira diplomática na "Pontifica Accademia Ecclesiastica".
Dada a sua posição, pode-se concluir ser todo secretário de Estado do Vaticano forte candidato a papa. E, na largada, costuma sair na frente.
Parolin tem origem humilde, filho de uma professora de chamada 'scuola elementare' (escola primária) e de pai operário que faleceu quando ele tinha dez anos de idade.
Hoje cardeal e secretário de Estado, Parolin ingressou no seminário aos 14 anos, na cidade de Vicenza, ordenando-se padre aos 20 de idade.
Pelas redes sociais correu a notícia de Parolin estar gravemente doente, tendo, na reunião de Congregação de quarta-feira (30), passado mal e sido atendido por médicos e enfermeiros.
Fake news
A notícia é falsa. No entanto, espalhou-se por redes norte-americanas e europeias.
A falsa informação repetiu-se. Quando Parolin era nome forte a ser escolhido por Bergoglio para a secretaria de Estado, também circulou o fake. A ala conservadora tentou inviabilizá-lo à época.
Agora, idem-idem, com envolvimento dos apelidados "papa-hóstias" ou "habituês de sacristias".
Os especialistas vaticanos em cyber-apurações já identificaram a fonte, a origem do falso. Trata-se, segundo noticiaram os jornais italianos de hoje, de um site chamado Catholic-vote, de internautas ligados a reduto conservador da Igreja e contra a sucessão por um "bergogliano", no caso o cardeal Parolin.
A Santa Sé, em nota, acaba de desmentir que tenha ocorrido algo com Parolin durante a Congregação.
Mais ainda, não ser verdade estar o cardeal, secretário de Estado, com problemas de saúde.
Vaticanistas
Os vaticanistas, que são os jornalistas especializados e recebedores de informações reservadas, com preservação da fonte, entendem que, no primeiro encontro do dia 7 de maio, não haverá fumaça branca, ou seja, nenhum candidato será capaz de ultrapassar o teto de 2/3 e sair vencedor.
No primeiro escrutínio do próximo 7 de maio, na visão de dois vaticanistas amigos consultados por este colunista colaborador do UOL, vários nomes surgirão, de grupos ainda isolados. Depois, os grupos se aproximam em torno de um só nome, capaz de ultrapassar o teto de 2/3.
Sobre o processo eleitoral, houve alterações promovidas pelo papa Wojthila e pelo papa Ratzinger, como já comentei nesta coluna.
Até o momento, existem apenas menções de nomes dados como fortes candidatos, o que não quer dizer muita coisa, dada a dinâmica de o sufragado poder empacar numa votação, sem progredir, no caso de escrutínio posterior, em número de votos.
Com vocação pastoral desponta o nome de Matteo Zuppi. O mais conservador, com a preferência no site americano Catholic-vote, é o cardeal Robert Prevost.
Dois "bergoglianos" são apontados nas listas de apostas. O próprio Parolin e Mario Grech.
Para a primeira votação, serão votados, na visão dos vaticanistas, o filipino Luis Antonio Tagle e o francês Jean Mark Aveline.
Num pano rápido, a tradicional e primeira puxada de tapete acaba de acontecer. Duas chaves de leitura, a propósito. Ou Parolin está muito forte, ou, entre os progressistas "bergoglianos", um nome da Santa Sé, pelo seu lado diplomático-político, não teria o perfil almejado de pastor de almas.
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