Divisão de adeptos do papa Francisco ajuda conservadores no conclave

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Adeptos da linha reformista de Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, estão divididos em cinco grupos dentro do conclave, uma fragmentação que pode beneficiar os cardeais conservadores.
Depois de o argentino Pérez Esquivel, prêmio Nobel da Paz de 1980, haver, precipitadamente, criticado a eleição de Bergoglio, em 2013, uma frase de Hannah Arendt foi usada como resposta: "Um cristão no trono de Pedro".
Os que de fato conheciam a trajetória e as qualidades do humanista Jorge Mario Bergoglio proclamavam a certeza de haver chegado um verdadeiro cristão ao trono de Pedro. Esquivel retratou-se em poucos dias, desculpando-se publicamente.
A frase-desejo de Arendt, uma hebreia de nascimento desvinculada da religião judaica, voltou a ser recordada entre os vaticanistas. Isso porque apuraram que os adeptos do antigo papa estão fragmentados em cinco grupos.
Uma surpresa, pois Bergoglio, quando papa, havia nomeado a grande maioria dos 133 cardeais que, fechados na Sistina "cun clave" (com chave), irão votar a partir de hoje.
Fragmentação
Os vaticanistas sabem dos fatos até quando os cardeais estão incomunicáveis (as redes foram desativadas e os celulares e tablets entregues às 15 horas do Vaticano, 10h de Brasília). Por essas informações, sabe-se que cada grupo bergogliano é composto de três a dez cardeais.
A fragmentação poderá beneficiar cardeais conservadores, que puxarão os votos de uma minoria ultraconservadora. Atenção: existem os conservadores e os ultratradicionalistas, da mesma forma que os progressistas e os ultrarreformadores. Mais ainda, por fora, correm os independentes.
Pelas previsões, teremos logo mais, na primeira e única votação de hoje, a fumaça preta.
Os cinco grupos dividirão os votos dos progressistas. Os conservadores beneficiados seriam os cardeais Péter Erdo, húngaro, ou Anders Arborelius, sueco.
Parolin
Dado o dissenso entre os cinco grupos, fala-se na possibilidade de promover o consenso em torno do cardeal Pietro Parolin, destacando-se sua atuação como secretaria de Estado, e por ele ser um clérigo da confiança de Bergoglio.
O papa Montini, que levou como pontífice o nome de Paulo 6º, foi autor de uma decisão importante e relevante neste conclave.
Em 1970, ele afastou da votação os cardeais com 80 e mais anos, reduzindo a influência desse grupo. No atual conclave, os não votantes só têm influência se pertencerem ao campo tradicionalista. Entre os progressistas, nenhuma.
Um experiente vaticanista de que este colunista goza da amizade desde a eleição do papa Bergoglio, que acompanhei como enviado pela revista Carta Capital e por ter estudado o direito canônico, disse, em bom italiano, "in buio". Ou seja, "estamos no escuro", ou tudo pode acontecer.
Desde o fechamento da porta do conclave, feita pelo mais jovens dos cardeais, Mykola Bychok, de 45 anos, não se sabe quem vencerá.
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