Wálter Maierovitch

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Opinião

Encontro na Turquia: Trump, barrado por Putin, aproxima-se de Zelensky

Diante do xadrez geopolítico que está sendo mostrado pela imprensa mundial, o presidente russo Vladimir Putin acabou de apresentar uma proposta para se encontrar, sem intermediários, com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na próxima quinta-feira.

Encontro ou desencontro

O encontro seria na Turquia, do seu amigo e presidente Recep Tayyip Erdogan.

No momento, Erdogan é definido, à luz do direito internacional público, como um ditador.

Parêntese: Erdogan está prendendo arbitrariamente nas cadeias turcas os seus opositores políticos. O prefeito de Istambul puxou a fila dos custodiados. Até a extradição de líder oposicionista residente no Brasil foi pedida pelo governo de Erdogan ao nosso STF (Supremo Tribunal Federal. Fechado parêntese.

Pela peça movida no tabuleiro por Putin, observam os especialistas em geopolítica e direito internacional haver o presidente russo dado um "chega pra lá" nos países europeus conciliadores, na União Europeia e nos EUA, de Donald Trump.

Aliás, Trump, que no início do mandato assumiu uma postura pró-Putin, queixou-se, no Vaticano e quando do funeral do papa Francisco, de estar sendo enganado por Putin. Agora, Trump foi pego de surpresa com a proposta de negociação direta, sem intermediários.

O mercurial Trump teve reação surpreendente. Foi o primeiro a incentivar Zelensky a comparecer ao encontro da quinta-feira.

Zelensky aceitou o encontro, mas colocou como exigência, aconselhado por chefes de estados europeus e pelos EUA, um cessar-fogo por 30 dias, tempo previsto para a negociação de acordo definitivo de paz.

Não de Putin

O não de Putin quanto ao cessar-fogo no período de conversações desagradou a Trump. O presidente americano imaginou que iria sensibilizar Putin quando, anteriormente e em face da matança de civis em Kiev, disse: "Vladimir (tratamento íntimo), pare com isso".

As bombas continuam a cair na Ucrânia, com a meta de deixar Kiev sem energia elétrica e água potável. De quebra, o governo russo ameaça lançar os seus mísseis balísticos hiper-sônicos Oreshnick, que seriam impossíveis de serem interceptados.

Trump patina

Putin continua a exigir a aceitação de que as regiões conquistadas se tornaram terras russas. Quer, também, o desarmamento da Ucrânia e o seu não ingresso na Otan.

Trump, que antes de assumir o mandato falava em por fim às guerras rapidamente, não conseguiu, até agora, nada.

O único troféu a exibir nas próximas horas será o referente à liberação, pelo Hamas, do americano Edan Alexander, soldado de 20 anos de idade, que está entre os reféns israelenses.

Na visita que fará aos estados árabes do Golfo Pérsico, Trump não conseguirá fazer a Arábia Saudita fechar um acordo com Israel, salvo se Israel voltar a apoiar a constituição de dois estados para dois povos.

A ideia de Trump de transformar Gaza em centro turístico, sem palestinos, jamais será aceita pela Arábia Saudita e demais países árabes do Golfo.

Enfim, Trump, no campo das relações exteriores, não apresentou nada até o momento. E a sua reaproximação com a Ucrânia, estados europeus e União Europeia, decorre mais do desespero.

A reaproximação com Zelensky está mudando de maneira visível: avançou e está quase fechado o acordo entre Trump e Zelensky para exploração conjunta das reservas minerais, encontradas nas chamadas terras raras ucranianas. Parte desses minerais está nas regiões ucranianas apossadas pelos russos.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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