Wálter Maierovitch

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Reportagem

Netanyahu e a operação Leão Nascente contra holocausto nuclear 

O premiê israelense Benjamin Netanyahu, conhecido no seu país pelo apelido de Bibi, começou a explicar, buscando legitimidade internacional, a operação Leão Nascente.

As suas palavras, numa interpretação à luz do direito internacional, da geopolítica relativa ao Oriente Médio e da geoestratégica militar, pode ser entendida com facilidade.

Bibi centrou, juridicamente e por não prever o direito internacional o chamado ataque preventivo (defesa preventiva), no "estado de necessidade".

No mesmo "estado de necessidade" invocado pelos EUA depois da tragédia terrorista do 11 de setembro.

O premiê israelense falou em necessidade e isto para evitar o "holocausto nuclear".

A lembrar: há 80 anos os judeus foram vítimas do holocausto nazista.

Agora, conforme Bibi, o Irã, com o programa atômico para fim não pacífico, tentaria varrer Israel do mapa.

Frisou Bibi, numa repetição do falado quando da ação do Mossad em Teerã e que resultou no assassinato do líder político do Hamas, não terem os judeus nada contra os iranianos, mas contra o sanguinário, opressivo e expansionista regime dos aiatolás.

Só faltou Bibi recordar ter sido o então xá da Pérsia, na ONU, favorável à criação do Estado de Israel.

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Pelo que se nota, bastou o Irã começar a colocar areia para não celebrar o acordo nuclear, com o governo Donald Trump, o acordo nuclear, para Israel reagir.

A propósito, neste espaço e na coluna de ontem, foi informado, com base no que circulava entre os 007 da Inteligência europeia, o fim do prazo, na véspera do ataque de Israel ao Irã, dos 61 dias dado por Trump: prazo para a retomada das conversações sobre o acordo nuclear.

Também não foi olvidado a situação política interna de Netanyahu.

O premiê, precisa de guerras para se manter no poder e evitar processo por corrupção e inquérito pela sua responsabilidade pelo 7 de outubro.

Significado de Leão Nascente

O premiê Bibi Netanyahu não dá ponto sem nó.

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Como está amarrado numa coalizão com dois partidos religiosos, de matriz ortodoxa, Bibi foi buscar na Torá, mais especificamente no Livro dos Números, o nome da operação de guerra contra o Irã.

Usou o simbolismo dos leões ( leoas e leões), capítulos 23-44):

"O povo se levanta como a leoa que puxa os leões. E não irão parar até a presa ser devorada e bebido todo o sangue" (tradução livre do inglês).

O texto bíblico trata da convocação, pelo rei dos Moabiti, do bruxo e adivinho Ballaan. A meta era a eliminação dos judeus que haviam vagado 40 anos pelo deserto.

Meta de Bibi

A ação militar de Israel conta com atuações complementares realizadas pelo Mossad, a agência de espionagem externa.

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No primeiro dia do ataque, foram assassinados o comandante da Guarda Revolucionária (Pasdaran) e o subchefe do Estado maior das Forças Armadas.

Netanyahu avisou que Ali Khamei, o líder da teocracia iraniana, está na mira: ontem o bairro onde mora Khamenei foi bombardeado.

Até o momento, 14 cientistas nucleares prestadores de serviços ao governo dos aiatolás morreram nos ataques. Algo a mostrar que a preocupação não é apenas arrasar os sítios mas eliminar as mentes responsáveis pelas implantações e objetivo final: bomba atômica. Aliás, bomba atômica que Israel possui.

Bibi, na sua propaganda de guerra, usa um binômio: evitar o holocausto nazista e libertar o povo iraniano da tirania dos aiatolás.

Preocupados com o desenvolvimento da guerra entre Israel e o Irã, os estados árabes (o Irã é persa) assistem com preocupação essa guerra e isso porque não confiam em Netanyahu e nem nos aiatolás.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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