Duas semanas para que Trump invoque a diplomacia na guerra Israel x Irã
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Duas semanas podem representar um prazo muito curto para um período de descanso do trabalho. Mas, duas semanas, para tomada de decisão sobre embate bélico internacional, significam longuíssimo período. E, no momento, estamos diante de conflito da proporções gigantescas entre Israel x Irã. Nesse conflito, ocorrem tempestades diárias de mísseis, drones, risco nuclear em face de vazamentos em usinas destruídas, mortos, feridos, assassinados, cidadãos nas estradas em fuga pelo pânico, etc.
Tudo isso sem esquecer os custos financeiros: cerca de 200 milhões de dólares por dia são gastos para interceptações de mísseis e drones, conforme levantou o Wall Street Journal desta semana. O presidente americano, Donald Trump, autoconcedeu-se prazo de duas semanas para decidir se os EUA entrarão, abertamente, no conflito iniciado no dia 13 passado, entre Israel e Irã.
As duas semanas derivaram de dois fatos. Primeiro, o Irã não aceitou o ultimato, na verdade exigência de capitulação, com o fim imediato das atividades de enriquecimento de urânio pelo governo da teocracia iraniana. Segundo, o iraniano ministro das relações exteriores, Abbas Araghchi, informou ao seu equivalente norte-americano que o seu país só irá retornar às negociações nucleares com os EUA se houver um cessar fogo por parte de Israel.
Na prazo de Trump pesou a pressão interna dos cidadãos norte-americanos que não querem mais guerras e aventuras, por exemplo, como a verificada no Iraque ao tempo de Saddam Hussein. E teve ainda -- e foi destacado na coluna de ontem deste espaço UOL --, o racha do trumpista movimento MAGA (Make America Great Again). Uma das partes em dissenso não aceita guerras.
O aspecto positivo do recuo de Trump diz respeito a dar um espaço de tempo para entrar em campo a diplomacia, Isso numa tentativa de brecar a escalada bélica entre Tel Aviv e Teerã.
Vértice em Genebra
Enquanto Trump se recolhia, os ministros de relações exteriores de Alemanha, França, Grã Bretanha e o representante para políticas externas da União Europeia acertaram um encontro em Genebra com o já supracitado ministro iraniano Abbas Araghchi.
O vértice de hoje representou um progresso pois Abbas aceitou a marcação de um outro encontro para prosseguimento das conversas. Para o ministro francês, Jean-Noel Barrot, a questão foi colocada em termos de não poder o Irã, pelo acordo de 2015 que subscreveu, enriquecer urânio para fins bélicos, acima de 60%.
Pelo que vazou, Abbas insistiu na legitimidade do enriquecimento para fins pacíficos e o Irã disto não abrirá mão. O ministro britânico, David Lammy, , num rápido breafing, ressaltou: " Estamos desejosos de prosseguir com as discussões e negociações com o Irã e exortamos Teerã a prosseguir conversações com os EUA.
Num resumo sobre o vértice de Genebra, podemos concluir ter o Irã aberto caminhos para chegar a algumas concessões, mas sem abrir mão de prosseguir com o enriquecimento do urânio.
Abbas Araghchi, o negociador
O ministro de relações exteriores iraniano é um homem da confiança do líder supremo Ali Khamenei. Provém de uma família de comerciantes dos famosos tapetes persas, vistos como bons negociadores: Abbas é uma pessoa de bazar, como se diz de um bom negociador no mundo persa.
Lutou quando o Iraque invadiu o Khuzistão iraniano (1980). Chegou a ser embaixador no Japão e isso deu-se num acordo quando o então presidente Mahmoud Ahmadinejad, açougueiro de profissão e negacionista do holocausto judeu (shoá), queria o seu afastamento da função de assessor do líder supremo do teocrático estado xiita islâmico.
Abbas não é um radical e tem experiência em acordos. Por exemplo, representou o Irã quando foi firmado o acordo nuclear de 2015, que EUA e Israel não subscreveram.
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