Renúncia à soberania ou morte: a fórmula de Trump contra a Ucrânia

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Como já havia insinuado na semana passada em Haia, em encontro da Otan, o presidente Donald Trump acaba de confirmar uma inimaginável desumanidade.
Os mísseis de modelo Patriot, de defesa área, não mais serão fornecidos à Ucrânia, para reposição de estoque.
Em outras palavras, os civis ucranianos ficarão sem proteção. Os mísseis russos não serão mais interceptados, pois a Ucrânia só conta com os mísseis do modelo Patriot na defesa, e os ataques aéreos foram intensificados.
Para se ter ideia, no último grande ataque de junho passado, as forças sob comando do Kremlin dispararam 477 drones e 60 mísseis. Mais de 90% deles foram interceptados pela defesa ucraniana, com emprego do Patriot. Centenas de vidas foram poupadas, pois os ataques aconteceram em cidades.
Para intensificar os bombardeios, Putin se aproveita do desvio das atenções para outras guerras trumpistas, a incluir a comercial e contra as usinas nucleares do Irã. O presidente russo não se preocupa com o aumento de civis ucranianos mortos.
Renúncia à soberania ou morte
Trump quer o fim da guerra e, para isso, não se importa se a Rússia ficar com as áreas conquistadas, desde que sobrem para os EUA as terras raras, ricas em minerais.
A solução encontrada por Trump é a mais desumana e primária. Ou seja, ele ameaça deixar o povo ucraniano morrer, com a não reposição de meios para a defesa. Se estivéssemos no campo médico, seria como omitir socorro futuro, em tratamento de saúde já iniciado.
Como é baixo e desumano, Trump faz lembrar a fórmula machista e cafajeste conhecida no Brasil como "ou dá ou desce".
Renúncia territorial ou morte: numa ameaça indireta e insana, Trump quer obrigar os ucranianos a desistirem da resistência bélica para defesa da soberania territorial da nação.
A fim de dar sustentação ao seu grosseiro plano de arrancar, na base da coação indireta, um plano de paz para o término do conflito na Ucrânia, o presidente Trump usou a "mão do gato". Do Pentágono partiu, pelo seu responsável político Elbridge Colby, a proposta de fim da reposição, após revisão do estoque de reserva de munições.
Rússia aplaude
Mais uma vez, Trump mostra o seu alinhamento com Putin, que se limitou a um informal e insosso protesto em relação aos ataques de Israel e dos EUA às bases nucleares do Irã.
Após o anúncio do fim da reposição à Ucrânia dos mísseis de defesa antiaérea, Dmitri Peskov, o porta-voz de Putin, saiu-se com a seguinte frase: "Menos armas fornecidas, mais próximo o fim da guerra".
Para Anna Kelly, a número dois da assessoria de imprensa da Casa Branca, a decisão de não reposição de armas "foi tomada para colocar em primeiro lugar os interesses da América".
Pelas declarações, claro está que o interesse é forçar o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky — que Trump nunca suportou por ele não ceder em suas convicções patrióticas — jogar a toalha e engolir um plano de rendição redigido a quatro mãos por Trump e Putin.
Mais uma vez, Trump surpreendeu. Na Otan havia saído vitorioso, com o aumento financeiro da participação de cada Estado-Membro, com base de cálculo no PIB. Com isso, imaginou-se um maior apoio à Ucrânia, pois os europeus estão preocupados com o expansionismo russo.
Só a Ucrânia será deixada na mão
Atenção: o mesmo não valerá para Israel. O premiê israelense Benjamin Netanyahu, que na próxima segunda-feira terá reunião com Trump, não receberá a trágica informação passada a Zelensky.
A assessora de imprensa da Casa Branca falou em revisão, em face do sustendo dado pelos EUA a outros países. No momento, no entanto, só a Ucrânia será deixada na mão.
Numa demonstração de arrogância, a assessora Anna Kelly terminou o comunicado de imprensa dizendo o seguinte: "A potência das Forças Armadas dos EUA continua inquestionável: para quem duvida, basta perguntar ao Irã".
Como se nota, o 'vírus' da arrogância do trumpismo espalhou-se pela Casa Branca e alojou-se em servidores de todos os escalões.
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