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Haddad e Manuela não tramaram contra Exército em "áudio vazado"

Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Do UOL, em São Paulo

16/10/2018 17h09

É enganoso um vídeo que circula na internet como se fosse um vazamento de áudio em que o candidato à Presidência Fernando Haddad (PT) e sua vice Manuela D’Ávila (PCdoB) apareceriam “tramando” contra o Exército. As declarações foram tiradas de contexto. O que a gravação mostra é um trecho da sabatina do UOL, da “Folha de S.Paulo” e do “SBT” com o candidato, realizada em 17 de setembro. Manuela sequer participou da entrevista. A voz feminina que se ouve é da repórter Débora Bergamasco, do “SBT”.

O trecho divulgado no YouTube sob o título enganoso de “Vaza áudio: Haddad e Manuela tramando contra Exército e Bolsonaro” começa com uma fala de Haddad em resposta a uma pergunta da repórter sobre um conteúdo presente no plano de governo do candidato.

“Ainda sobre Forças Armadas, no seu programa de governo, diz assim: a Constituição será aplicada de maneira imediata e firme contra quem ameaça a democracia com atos e/ou declarações. O que significa isso? Por exemplo, o sujeito que for lá se manifestar e levantar uma bandeira escrito ‘intervenção militar já’, ‘volta da ditadura’, ele vai ser punido? Qual que é a ideia?”, perguntou a repórter.

Em seguida, Haddad questionou: “o cidadão?” Depois da afirmativa da jornalista, ele respondeu que não haveria punição. “Então o que é que vocês estão dizendo aqui contra quem ameaça a democracia com atos ou declarações? O que é uma declaração? É falar? É fazer uma declaração (por escrito)?”, completou Débora.

Haddad começa, então, a resposta que viria a ser reproduzida no vídeo enganoso. “Quem tá debaixo de uma hierarquia. Tô falando dessas pessoas. Debaixo de uma hierarquia, vai ter que defender a democracia [...]”. Esta resposta começa aos 49min24s do vídeo real da sabatina.

A conversa sobre o tema segue até os 50min48s da sabatina. O vídeo enganoso divulgado como “vazamento” termina neste instante e não mostra o trecho anterior da sabatina, em que Haddad também falava sobre o tema.

Antes das perguntas de Débora, o jornalista Diogo Pinheiro, do UOL, fez três questões sobre militares. Na última delas, ele perguntou qual a opinião de Haddad sobre comentários como os do comandante do Exército de que o próximo presidente pode ter sua legitimidade questionada.

Haddad respondeu que “o comandante em chefe das Forças Armadas é o presidente da República” e que declarações como estas acontecem porque, de acordo com sua visão, hoje não há uma “autoridade constituída, legitimada pelo voto”, fazendo referência ao presidente Michel Temer (MDB), que assumiu depois do impeachment de Dilma Rousseff (PT).

No YouTube, o conteúdo enganoso já foi visualizado mais de 1 milhão de vezes. No Facebook, o vídeo foi visualizado mais de 800 mil vezes e teve 33 mil compartilhamentos. O vídeo também circula pelo WhatsApp.

A peça de desinformação foi verificada pela revista “piauí” e pela agência “AFP”, além do UOL e da revista “Veja”, todos integrantes do projeto Comprova.

O Comprova é um projeto integrado por 40 veículos de imprensa brasileiros que descobre, investiga e explica informações suspeitas sobre políticas públicas, eleições presidenciais e a pandemia de covid-19 compartilhadas nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens. Envie sua sugestão de verificação pelo WhatsApp no número 11 97045 4984.