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É mentira: levantar depressa durante a madrugada não causa AVC

Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Lucas Borges Teixeira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

09/09/2018 04h00

Uma dica simples de saúde, supostamente para evitar um AVC (acidente vascular cerebral), tem circulado pelas redes sociais. De autoria atribuída a um socorrista, a mensagem faz um alerta para quem costuma acordar de madrugada para tomar água ou ir ao banheiro.

"Você ouve dizer que alguém estava bem de saúde e morreu de repente, durante a noite, sem motivo. O motivo mais provável é que, quando essa pessoa acordou para ir ao banheiro, ela levantou-se da cama com muita pressa", sugere o suposto socorrista identificado como Fábio André.

Como evitar isso? Segundo a mensagem atribuída a Fábio André, com a chamada Lei do Um Minuto e Meio, "cientificamente comprovada", segundo ele. Funcionaria assim: ao acordar, você deve, primeiro, ficar deitado por 30 segundos. Depois, passar mais 30 sentado na cama. E, por fim, sentar-se à beira da cama por mais 30 segundos para, então, levantar.

"Com estas etapas, as chances são gigantescas para sobreviver a um AVC súbito, independentemente da idade", afirma o texto. Será que funciona?

FALSO: esperar para levantar não previne AVC

A mensagem não passa de apenas mais um boato que circula no WhatsApp. De acordo com o neurologista Mauro Gomes de Araújo, a "Lei do Um Minuto e Meio" não existe.

"Ficar esperando na cama, ou levantar bruscamente, não tem nada a ver com AVC", afirma o especialista.

O médico explica que, ao acordar de madrugada, levantar com mais calma pode evitar lipotimia, queda brusca da pressão. "Em especial, nas pessoas com mais idade. Ao fazer isso, pode sentir tontura, uma fraqueza. Então, não se levantar de uma só vez pode ajudar", afirma Araújo.

"Mas não tem essa de esperar um minuto e meio, não. É só ir com mais calma", acrescenta o neurologista. "E não influencia no AVC."

Levantar-se durante a noite também não está entre os fatores de risco apontados pela Academia Brasileira de Neurologia (ABN). Dos fatores que "podem ser modificados", a instituição cita hipertensão, diabetes, tabagismo, consumo frequente de álcool e drogas, estresse, colesterol elevado, doenças cardiovasculares, sedentarismo e doenças hematológicas.

Pacientes prestes a sofrer um AVC sentem, entre outros sintomas, forte dor de cabeça, fraqueza ou dormência na face, paralisia do corpo e perda súbita da fala ou da visão.

A ABN afirma que o acidente vascular é uma emergência médica, e o paciente deve "dirigir-se com urgência ao serviço de emergência do hospital mais próximo para um diagnóstico completo e tratamento".

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