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Notícia falsa: contas do Brasil saíram "do vermelho" pela 1ª vez em 20 anos

Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Lucas Borges Teixeira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/12/2019 04h01

Você pode ter ficado feliz com uma montagem que recebeu pelo WhatsApp que comemora que, pela primeira vez em duas décadas, as contas do governo saíram "do vermelho". Apesar de haver resultados positivos, não funciona bem assim.

Compartilhada especialmente entre grupos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a corrente informa: "Pela primeira vez em 20 anos, o orçamento anual saiu do vermelho. Bem-vindo à era Bolsonaro!".

A foto junto à legenda mostra Bolsonaro conversando com o ministro da Economia, Paulo Guedes. O UOL Confere encontrou compartilhamentos dela desde maio deste ano.

Contas seguem "no vermelho"

A notícia não procede. De fato, o governo registrou superávit primário, quando se gasta menos do que se arrecada, em outubro — mas esta não é a primeira vez em duas décadas e, no acumulado do ano, as contas seguem deficitárias (ou, como diz a corrente, "no vermelho").

De acordo com o último relatório de resultados fiscais do Tesouro Nacional, divulgado no dia 28 de novembro com números de outubro, o governo central — que soma as contas do Tesouro, da Previdência Social e do Banco Central — apresentou um superávit primário de R$ 8,67 bilhões. Isso significa que, neste mês, o governo gastou menos do que arrecadou.

Só que esta não é a primeira soma "fora do vermelho" em duas décadas, como aponta a notícia falsa.

Tanto que, se comparado com o mesmo período do ano passado, houve uma queda de 8,8% (em valores nominais) ante o superávit primário de R$ 9,5 bilhões de outubro de 2018, sob a gestão de Michel Temer (MDB).

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Este, na verdade, não é nem o primeiro resultado positivo do governo Bolsonaro. De acordo com o Tesouro, janeiro (R$ 30 bilhões) e abril (R$ 6,3 bilhões) também ficaram "no azul", assim como em janeiro e abril de 2018. Todos os outros meses foram deficitários.

Além disso, se observado o acumulado do ano até outubro, o governo Bolsonaro também não "tirou o país do vermelho". Na soma, o Brasil registra um déficit primário de R$ 63,8 bilhões, 11,6% a menos do que os R$ 72,3 bilhões (em valores nominais) registrados no mesmo período de 2018.

Brasil é deficitário desde 2014

As contas no vermelho não são novidade do governo Bolsonaro. Desde 2014, sob administração de Dilma Rousseff (PT), o Brasil apresenta números deficitários.

Naquele ano, o governo central fechou as contas em R$ 23,5 bilhões negativos. Assim, se seguiu em 2015 (-R$ 120,5 bi) e em 2016 (-R$ 161,3 bi), atingiu o auge em 2017, com -R$ 124,3 bilhões, e fechou 2018 com -R$ 120,2 bilhões.

Ao contrário do que a corrente prega, estes resultados contrastam com um período longo de contas positivas: o país apresentou superávit primário de 1997 a 2013.

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