Em live diferente, Bolsonaro distorce dados de vacinação e critica lockdown
Um dia após anunciar a criação de comitê para combater a pandemia de covid-19, o presidente Jair Bolsonaro sem partido) distorceu dados, mentiu sobre a vacinação no Brasil e voltou a criticar políticas de lockdown em live atípica, curta e sem convidados na noite de hoje.
Entre seus argumentos, voltou a citar, fora de contexto, o fato de a chanceler Angela Merkel ter suspendido um lockdown na Alemanha.
Segundo Bolsonaro, Merkel cancelou a medida devido aos efeitos que teria na economia. Na verdade, a chanceler argumentou que não havia tempo hábil para implementá-la.
"Ali ela fez um mea-culpa e falou que foi um erro. Quem falou foi ela, quem falou são os jornais", disse, distorcendo o que ela assumiu como erro.
O UOL conferiu a veracidade e precisão de outras afirmações feitas hoje pelo presidente. Confira a seguir.
Falso: PIB brasileiro não teve 4ª menor queda
O governo federal manteve viva a economia no ano passado e, mais ainda, fez com que o país, que assim como o mundo todo estava previsto ter um PIB negativo —com exceção da China, os demais países tiveram PIB negativo—, e o Brasil foi o quarto que menos decresceu. Então, invariavelmente, fruto de várias políticas do governo voltadas para o emprego.
A afirmação é mentirosa e foi feita como forma de defender a condução econômica do governo durante a pandemia. No ano passado, a economia do país encolheu 4,1%.
Segundo a agência de classificação de risco Austin Rating, o desempenho da economia nacional foi apenas o 21º menos drástico. O país ficou atrás de economias muito menores, como a Lituânia (-0,9%), a Nigéria (-1,9%), a Estônia (-3%) e a Letônia (-3,6%).
Ficou também atrás da Noruega (-0,8%), da Coreia do Sul (-1%), de Israel (-2,2%) e dos Estados Unidos (-3,5%).
Apenas três países tiveram crescimento no PIB no ano passado: Taiwan (+3,1%), China (+2%) e Turquia (+1,6%). Tirando esses locais do ranking, a economia brasileira é a 19º que menos encolheu.
Falso: Brasil não aplica em média 500 mil vacinas por dia
O Brasil já aplica em média 500 mil vacinas diárias. Isso vai aumentar com certeza, falta uma melhor interlocução entre a ponta da linha, estados e municípios com o Ministério da Saúde para que cada vez mais seja corrigida a quantidade de pessoas que são vacinadas.
A afirmação não procede. Durante os 67 dias de campanha de vacinação, entre 17 de janeiro e 25 de março, foram aplicados 18.590.208 imunizantes — somando primeiras e segundas doses. A média é em torno de 277 mil vacinas aplicadas por dia, bem menos do que o declarado por Bolsonaro.
Ontem (24), o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, declarou que vacinará 1 milhão de pessoas por dia. Mas cálculos feitos pelo UOL apontam que nesse ritmo, o estoque de doses deve acabar em 11 dias. Além disso, a pasta já anunciou seis vezes a redução de vacinas aplicadas.
Enganoso: Compra de 'kit intubação' só depois do desabastecimento
Tomamos providências, fizemos contato com várias empresas, Eurofarma, União Química, para buscar o material, os insumos para fazer intubação.
Um relatório do CNS (Conselho Nacional de Saúde) aponta que, em agosto de 2020, o governo federal cancelou a compra de medicamentos necessários para a intubação de pacientes, o chamado "kit intubação".
Na mesma semana em que o teor do documento foi divulgado, o Ministério da Saúde negociou a entrega de 2,8 milhões de medicamentos utilizados no procedimento. O UOL relatou que, sem sedativos, pacientes têm despertado durante a intubação.
Enganoso: problemas na vacinação em outros países
Bolsonaro utilizou matérias desatualizadas do UOL para tratar de problemas de vacinação na Itália e também no Japão como forma de alegar que não é somente o Brasil que enfrenta dificuldades com o calendário vacinal.
Nenhum dos textos apresentados corresponde à realidade da vacinação nos países nesta semana.
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