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Uma iniciativa do UOL para checagem e esclarecimento de fatos


Não há registro de que Eike disse ter feito pagamentos a ministros do STF

25.ago.2021 - Exemplo de post no Facebook que reproduz alegação falsa de que Eike Batista teria assumido o pagamento de propina para ministros do STF - Arte sobre Reprodução/Facebook
25.ago.2021 - Exemplo de post no Facebook que reproduz alegação falsa de que Eike Batista teria assumido o pagamento de propina para ministros do STF Imagem: Arte sobre Reprodução/Facebook

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

25/08/2021 15h40

Não há qualquer registro de que o empresário Eike Batista disse ter feito pagamentos a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), como dizem links que circulam nas redes sociais pelo menos desde ontem (24). A defesa do empresário nega que ele tenha dado tais declarações. Um boato semelhante já havia circulado entre abril e maio deste ano.

Em várias das publicações encontradas pelo UOL Confere, o jornal "Inconfidência" foi apontado como fonte da suposta declaração. A reportagem localizou dois sites ligados a um jornal com este nome, mas em nenhum deles havia, até o momento da publicação desta checagem, qualquer registro da suposta fala do empresário. Nos posts que reproduziram o conteúdo, também não há qualquer explicação sobre como a publicação citada como fonte teria conseguido acesso à fala atribuída a Eike Batista.

A declaração falsamente atribuída a Eike Batista também foi checada pelo Boatos.org. Conteúdos semelhantes ao compartilhado agora já haviam sido checados pelo Boatos.org e pelo AFP Checamos em abril e maio.

Em novembro do ano passado, a ministra Rosa Weber, do STF, homologou o acordo de delação premiada de Eike. Segundo a Folha, no acordo há menções a repasses de propina a parlamentares federais. Não há informações sobre pagamentos a integrantes do Supremo. As declarações do empresário estão sob sigilo.

A defesa de Eike Batista negou a veracidade das frases e defendeu o Supremo.

"Nas últimas 24 horas, Eike Batista tomou conhecimento de que seu nome vem sendo utilizado em ataques políticos direcionados ao Supremo Tribunal Federal e seus ministros, tendo atribuídas a si falas e alegações totalmente falsas — declarações essas que nunca fez e com as quais não concorda. O orgão máximo do Poder Judiciário é um importante pilar da democracia, sem o qual não viveríamos num Estado Democrático de Direito", disse em nota o advogado Bruno Fernandes.

Vários dos perfis e sites que reproduziram o conteúdo são de apoio ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido), que tem criticado publicamente ministros do STF. Um dos textos compartilhados tem como título a frase "Tomar o poder", uma alusão a uma frase do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, que há duas semanas foi distorcida por apoiadores de Bolsonaro em posts nas redes sociais.

Na semana passada, Bolsonaro entregou ao Senado um pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, que integra o STF e presidirá o TSE durante as eleições do ano que vem. Um presidente da República nunca havia feito isso. Bolsonaro tomou a medida depois que Moraes o incluiu no inquérito do STF que apura a disseminação de notícias falsas e ataques à Corte e seus ministros.

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