Post distorce fala irônica em que Randolfe diz controlar ações da PF e STF

Um áudio do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) em que o parlamentar afirma que "controla as ações" da PF (Polícia Federal) e do STF (Supremo Tribunal Federal) foi distorcido e retirado de contexto. A declaração, de fato, foi feita, mas em tom irônico e em um espaço de debate público nas redes sociais.

O que diz a publicação? O post que distorce a fala do senador e que engana ao afirmar sobre o vazamento do áudio circula no Facebook em uma página de caráter conservador. Nele, um vídeo de 4m36s é acompanhado da legenda "Áudio vazado, Randolfe afirma que controla as ações da PF e do STF".

No vídeo, um apresentador exibe um trecho da participação do senador Randolfe no Space, que é uma conversa pública transmitida pelo Twitter, em 18 de agosto de 2022, com duração de mais de 4 horas.

Relacionadas

Eleições terão seis modelos de urna eletrônica; conheça cada um

Bolsonaro diz que "fechou torneira", mas gasto com Globo subiu 75%

Conheça o método de checagem e a política de correções do UOL Confere

A fala, na íntegra. No áudio que circula como se tivesse sido vazado, o senador diz o seguinte:

"É por isso que eu não perco tempo fazendo, direcionando qualquer petição a Augusto Aras. Eu não perco tempo fazendo, direcionando qualquer petição, qualquer notícia-crime a Augusto Aras. Porque é inócua. Porque faço a estratégia de fazer petição direto ao Supremo? Porque aí, sim, o Supremo Tribunal Federal aí pede a manifestação do Procurador Geral da República e da Polícia Federal sobre as providências, mas sobretudo pede a movimentação da Polícia Federal", diz Randolfe.

"Como é um inquérito, o presidente do inquérito pode se manifestar para as providências a serem tomadas independente da tomada de decisão e de qualquer tipo de encaminhamento da parte de Augusto Aras. Essa é a vantagem de ser um inquérito. Não se depende dele. Não se trata de uma ação. Não estamos movendo uma ação civil pública. Estamos peticionando no âmbito de um inquérito que está em curso e o presidente do inquérito se chama Alexandre de Moraes e o presidente do inquérito pode despachar, se quiser, as providências que nós lá encaminhamos, lá pedimos", prossegue o senador.

Em seguida, Randolfe afirma que "no intervalo de tempo entre 2018 e 2022, na ausência do procurador-geral da República, um partido político chamado Rede Sustentabilidade assumiu essa função".

Após reproduzir o áudio, o apresentador desconsidera o contexto de ironia da conversa, que tratava da suposta falta de atuação da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Randolfe afirma que o partido Rede assumiu o lugar do procurador e quem representa a Rede? Randolfe Rodrigues. Se isso não é áudio de uma confissão, no mínimo, no mínimo, é comprometedor", declarou o apresentador.

O que diz a assessoria de Randolfe? Procurada pelo UOL Confere, a assessoria de imprensa do político do Amapá afirmou que "são utilizadas falas descontextualizadas do parlamentar para criar notícias falsas sobre a atuação dele".

"O STF e a Polícia Federal têm autonomia garantida na Constituição Federal. Nenhum parlamentar tem controle sobre as ações dos órgãos. Não houve áudio vazado. A entrevista concedida no Twitter para o perfil Muka do Space é pública e permanece no respectivo perfil para todos os esclarecimentos".

O parlamentar acrescenta que "em nenhum momento afirmou ter controle sobre ações do STF e da Polícia Federal ou interferir, de alguma forma, na autonomia dos respectivos órgãos".

"Na entrevista, o parlamentar trata sobre quais estratégias jurídicas e constitucionais são utilizadas diante da inércia da PGR para dar andamento a investigações de corrupção", complementa a nota.

O senador ainda diz que tratou da "inércia da PGR" em "tom de descontração".

"A legenda frequentemente aciona a justiça contra atitudes inconstitucionais e de privação de direitos. Com isso, o parlamentar diz, em tom de descontração, que a atuação da sigla é mais eficiente do que a da PGR" em relação às ações de combate à corrupção e em favor do povo; e brinca: 'no intervalo de tempo de 2018 a 2022, na ausência do Procurador-geral da República, um partido político chamado Rede Sustentabilidade assumiu essa função'".

Repercussão. O vídeo que circula no Facebook foi publicado em 20 de agosto e conta com mais de 591 mil visualizações, 53 mil reações e 7,7 mil comentários.

5 dicas para você não cair em fake news