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Netanyahu não propôs projeto de lei para criminalizar cristianismo

8.mar.2024 - É falso que Benjamin Netanyahu apresentou projeto de lei para proibir conversão religiosa Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução/Facebook

Letícia Dauer

Colaboração para o UOL, em São Paulo

08/03/2024 12h37

É falso que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu propôs um projeto de lei para criminalizar o cristianismo em Israel, como sugerem publicações nas redes sociais.

Na verdade, dois parlamentares de extrema-direita apresentaram um projeto para proibir a pregação —sendo o cristianismo o alvo principal— com o propósito de mudar a religião de outra pessoa sob pena de prisão.

O UOL Confere considera distorcido conteúdos que usam informações verdadeiras em contexto diferente do original, alterando seu significado de modo a enganar e confundir quem os recebe.

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O que diz o post

"GOVERNO DE NETANYAHU PROPÕE PROJETO DE LEI PARA CRIMINALIZAR O CRISTIANISMO. O projeto de lei proposto no início do ano passado visava punir com prisão aqueles que falam sobre Jesus Cristo em Israel. O estado de Israel nunca foi Cristão. Vejam", afirma a legenda da publicação.

Post é acompanhado do print de uma reportagem com o título "Proposed legislation would outlaw talk about Jesus in Israel" (Legislação proposta proibiria falar sobre Jesus em Israel, em inglês).

Por que é distorcido

Netanyahu não propôs o projeto de lei, mas, sim, parlamentares judeus ultraortodoxos. Em janeiro do ano passado, Moshe Gafni e Yaakov Asher apresentaram uma emenda a cláusula 174A do Código Penal de 1977 sobre a proibição de conversão religiosa sob pena de prisão (leia proposta na íntegra aqui, em inglês). Os legisladores justificam que houve aumento das tentativas de grupos missionários, principalmente cristãos, de conversão religiosa em Israel. Segundo a proposta, a ação poderia causar danos psicológicos aos fiéis, especialmente de classes socioeconômicas mais baixas e vulneráveis.

Pena poderia ser de até 2 anos de prisão. Caso o projeto de lei fosse aprovado, a conversão de uma pessoa direta ou digitalmente, por correio ou online, seria punida com um ano de prisão. Se a indução fosse feita em um menor de idade, a pena subiria para dois anos.

Jornal não atribuiu a autoria do projeto ao primeiro-ministro. A peça enganosa que circula nas redes sociais é um print do jornal Wake Up America (Acorde América, em inglês) da emissora conservadora norte-americana Newsmax TV, veiculada em 20 de março de 2023 (aqui). Durante o programa, o correspondente Daniel Cohen repercutiu que dois ultraortodoxos membros da coalizão de Netanyahu apresentaram um projeto de lei que "vai punir crentes por compartilharem o evangelho de Jesus com pena de prisão". A notícia foi divulgada com exclusividade, no dia anterior, pelo jornal All Israel News (aqui).

Netanyahu barrou projeto. Após pressão de líderes cristãos, inclusive da comunidade norte-americana, o primeiro-ministro de Israel se pronunciou em 22 de março do ano passado e publicou um tweet em hebraico e inglês afirmando: "Não avançaremos com nenhuma lei contra a comunidade cristã".

O conteúdo também foi checado pelo Estadão Verifica.

Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.

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