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Trump não ordenou que Brasil cancele suposta concessão de urânio à China

12.dez.2024 - Publicações enganam ao afirmar que Trump mandou Brasil cassar contrato de concessão de urânio aos chineses Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução Instagram

Janaína Silva

Colaboração para o UOL

12/12/2024 17h37

É falso que Donald Trump tenha ameaçado o Congresso brasileiro para cassar uma suposta concessão de terra para a exploração de urânio por parte dos chineses.

Primeiro, não há nenhuma evidência de que o presidente eleito dos Estado Unidos tenha dado essa declaração. Segundo, é falso também que a China comprou a maior reserva de urânio do Brasil. Isso já foi desmentido pelo UOL Confere antes (aqui).

O que diz o post

Post que circula nas redes sociais mostra duas imagens: à esquerda, está Trump e à direita, está montagem que sobrepõe a de um homem grisalho que parece ser Lula com as mãos no rosto e a do presidente da China, Xi Jinping.

O texto é: "Fim de conversa. ORDEM DIRETA de Trump: OU o Congresso Nacional Brasileiro cassa o contrato de concessão e venda da terra para a exploração da reserva de urânio aos chineses. OU NÓS MESMOS cassaremos a concessão."

Por que é falso

Não há registros da declaração de Trump ou reportagens a respeito. O UOL Confere pesquisou no Google e não encontrou notícias sobre o assunto. Ao fazer a busca limitando às publicações do último mês (aqui), não houve retorno de possíveis conteúdos. Ao refazer a pesquisa, agora sem restringir a data (aqui), o resultado indicou reportagens sobre ser falso que a China comprou a maior reserva de urânio no Brasil. A busca por termos em inglês (aqui, aqui e aqui) também não traz reportagens sobre a suposta declaração de Trump. Aparecem apenas conteúdos antigos e outros que desmentem a venda da reserva do minério radioativo.

Redes socias de Trump nem site oficial trazem o conteúdo. No X, as buscas pelos termos "trump uranium brazil china" (aqui) também não chegaram a fontes confiáveis ou de imprensa profissional. A página de notícias do site do presidente americano eleito, que toma posse em janeiro de 2025, não traz qualquer menção (aqui).

Brasil não vendeu nem concedeu a exploração da reserva de urânio para a China. No início do mês, circularam postagens desinformativas de que a China teria comprado a maior reserva de urânio do país. Na verdade, a empresa China Nonferrous Trade (CNT), subsidiária de uma estatal chinesa, adquiriu a Mineração Taboca S.A., que produz estanho no interior do Amazonas.

A exploração e comercialização de urânio são de competência do Brasil. O MME (Ministério de Minas e Energia) explicou em nota que, conforme a Constituição Federal Brasileira, é de competência exclusiva da União o monopólio sobre a pesquisa, lavra, enriquecimento, reprocessamento, industrialização e comércio de minérios nucleares, entre eles o urânio. "Qualquer descoberta desses minerais deve ser comunicada ao MME e à Agência Nacional de Mineração (ANM). Além disso, a legislação brasileira determina que somente a INB (Indústrias Nucleares do Brasil) está autorizada a extrair urânio no território nacional, sendo ilegal qualquer exploração do minério sem a participação da INB. A comercialização nacional de urânio também é competência exclusiva do Estado."

A postagem também foi verificada por Aos Fatos e Reuters.

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