Haddad não falou que taxará pets e grávidas; vídeo foi alterado por IA

O ministro da Fazenda Fernando Haddad não afirmou que o governo Lula "pretende taxar tudo" e cobrar impostos de animais de estimação e de grávidas, como insinua um vídeo compartilhado nas redes sociais.
O conteúdo enganoso utilizou recursos de inteligência artificial para alterar o áudio original de uma entrevista dada pelo ministro.
O que diz o post
"A ordem é taxar tudo!", diz uma mensagem no topo do post.
Abaixo, há um vídeo de uma entrevista de Haddad, na qual uma voz similar ao do ministro diz: "Nosso plano é taxar tudo, tudo, tudo. Esse ano teremos imposto do cachorrinho de estimação. Se ele é da família, temos que arrecadar sobre ele também. É justo. Imposto pré-natal: ficou grávida, tem que começar a pagar imposto pro hospital. Imposto das bets: se perder, o prejuízo é seu; se ganhar, o lucro é nosso, mas é tudo pro bem do nosso povo. Brasileiro gosta de um imposto novo também. Todo mundo sabe: imposto e Big Brother é a nossa paixão".
Por que é falso
Áudio original de entrevista de Haddad foi alterado. Por meio de uma busca reversa (aqui), verifica-se que a entrevista original de Haddad foi veiculada pela CNN Brasil (aqui e abaixo). Nela, o ministro negou a intenção do governo em aumentar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) como uma medida contra a alta do dólar. Em momento algum Haddad fala sobre taxar pets e grávidas.
Vídeo usado em posts enganosos foi adulterado por inteligência artificial. Ao submeter o conteúdo à análise do TrueMedia.org, ferramenta especializada em identificar alterações digitais, foram apontadas "evidências substanciais de manipulação" (aqui e abaixo): "O tom é satírico, sugerindo que não é uma declaração política genuína, mas sim uma paródia ou uma peça ficcional. A linguagem é muito absurda e teatral para ser levada a sério", diz avaliação feita pelo site TrueMedia.org.

Marca d'água contida em vídeo enganoso é de ferramenta de IA. No conteúdo desinformativo, é possível notar a marca d'água '@king.ia007', que se refere a uma ferramenta de manipulação digital de vídeos e imagens.
Governo negou que criará impostos sobre animais de estimação e grávidas. Em nota oficial (aqui), o governo federal explicou que o vídeo com a entrevista de Haddad foi manipulado digitalmente e negou cobrança de novas taxas. "O vídeo cita uma tributação às mulheres que engravidam por conta do acompanhamento pré-natal que não procede. O acompanhamento especializado durante a gravidez é assegurado pela Lei 9.263/1996 (aqui)". O Planalto esclarece que também não procede a criação de imposto sobre animais de estimação. "Esta tese desinformativa deturpa a Lei nº 15.046/2024 (aqui), que autoriza a criação do Cadastro Nacional de Animais Domésticos. A legislação não prevê pagamento de taxa ou de imposto para o cadastro (aqui), que conterá informações relativos aos animais de estimação, sua saúde e seus donos", complementa o Planalto.
Haddad publicou vídeo desmentido conteúdo enganoso. Em suas redes sociais, o ministro reforçou que o governo não criará impostos sobre o Pix, pets e grávidas (aqui e abaixo). "Essas coisas são mentirosas e às vezes eles misturam com uma coisa que é verdadeira para confundir a opinião pública. A única coisa verdadeira desse vídeo que está circulando é que, de fato, as empresas, os cassinos virtuais, chamadas bets, que são casas de apostas que lucram uma montanha de dinheiro, essas casas de apostas vão ter que pagar impostos devidos como qualquer outra empresa instalada no Brasil. Fora isso, é tudo falso", afirmou.
AGU enviou notificação ao Facebook para remover vídeo falso. Na última quinta (9), a Advocacia Geral da União (AGU) enviou uma notificação extrajudicial ao Facebook para que a plataforma retirasse o conteúdo desinformativo do ar dentro de um prazo de 24 horas (aqui). "A análise do material evidencia a falsidade das informações por meio de cortes bruscos, alterações perceptíveis na movimentação labial e discrepâncias no timbre de voz, típicas de conteúdos forjados com o uso de inteligência artificial generativa", justificou a AGU.
Viralização. Até a tarde desta segunda (13), uma postagem no Instagram tinha mais de 12 mil curtidas.
Este conteúdo também foi checado por Aos Fatos, G1, Lupa e Reuters.
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