Banco Central não extinguiu parcelamento sem juros no cartão

O Banco Central não acabou com o parcelamento sem juros no cartão de crédito, ao contrário do que afirmam publicações nas redes sociais.
As peças desinformativas descontextualizam uma reportagem exibida pelo Jornal da Band em 2023, tratando-a como se fosse atual. Na época, a sugestão dada pelo BC foi alvo de críticas e não avançou.
O UOL Confere considera distorcido conteúdos que usam informações verdadeiras em contexto diferente do original, alterando seu significado de modo a enganar e confundir quem os recebe.
O que diz o post
A publicação, feita no último dia 10, traz a seguinte mensagem: "Comércio está apavorado com a possibilidade do fim do parcelamento sem juros. Banco central está querendo tirar essa possibilidade de retirar".
Abaixo, há um vídeo com o trecho de uma reportagem do Jornal da Band. "Os empresários dizem que, se essa medida for adotada, vai punir o consumidor", diz a apresentadora Adriana Araújo. Não há qualquer referência sobre a data na qual a matéria foi veiculada.
Por que é distorcido
Reportagem foi exibida em 2023. Em uma busca no índice de vídeos do perfil oficial da Band no YouTube (aqui), nota-se que o conteúdo original foi publicado em 23 de agosto de 2023 (aqui e abaixo). A matéria fala sobre um estudo realizado pelo Banco Central, que sugeria o fim do crédito rotativo do cartão e a criação de uma taxa para compras parceladas (aqui).
Presidente do BC descartou acabar com parcelamento sem juros. Em declarações dadas na época, o então presidente do Banco Central Roberto Campos Neto explicou que "não é proibir o parcelamento sem juros, é simplesmente tentar fazer com que eles fiquem um pouco mais disciplinados, numa forma bem faseada, para não afetar o consumo". Campos Neto ainda disse que a pretensão era tentar desestimular o modelo de crédito, com cobranças baseadas em altas taxas de juros (aqui).
Criticado por ministro e entidades, estudo não avançou. O ministro da Fazenda Fernando Haddad afirmou que uma possível extinção do parcelamento sem juros não solucionaria o problema das altas taxas do rotativo: "Não podemos perder de vista o varejo porque as compras são feitas assim no Brasil. Não pode mexer nisso" (aqui). A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) também criticou o plano do Banco Central (aqui), assim como entidades comerciais (aqui). Diante da repercussão negativa, o projeto não avançou.
Viralização. Um post no Instagram tinha mais de 1,1 milhão de visualizações, 23,6 mil compartilhamentos e 22,5 mil curtidas até a tarde desta sexta (17).
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