Trump não poderia nomear Bolsonaro como embaixador dos EUA no Brasil

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, não poderia nomear Jair Bolsonaro como embaixador do país no Brasil, ao contrário do que afirmam postagens em circulação nas redes sociais.
Uma suposta nomeação de Bolsonaro ao cargo esbarra nas leis norte-americanas, que impedem um estrangeiro de exercer esta função.
O que diz o post
"Donald Trump vai decretar Bolsonaro como Cidadão Americano e nomeá-lo como Embaixador dos EUA no Brasil, dando Imunidade Diplomática Total, Ampla e Irrestrita", diz a mensagem da publicação.
A postagem traz uma imagem de Michelle Bolsonaro ao lado de uma cadeira vazia, na qual está estampada uma foto do seu marido, Jair Bolsonaro.
Por que é falso
Legislação dos EUA impede nomeação de estrangeiros como embaixadores. As leis norte-americanas estabelecem critérios rígidos que devem ser obedecidos pelos pretendentes ao cargo. O primeiro deles é ser um cidadão dos EUA, o que não é o caso de Bolsonaro. Para reivindicar a cidadania (aqui), o ex-presidente teria que se submeter às normas da Lei de Imigração e Nacionalidade (aqui, em inglês).
Green card é condição obrigatória para quem deseja obter a cidadania americana. Entre os requisitos necessários para se tornar um cidadão americano, o interessado deve ser um residente permanente (ou seja, ter um green card) por um período mínimo de três anos (caso seja casado(a) com um cidadão norte-americano) ou cinco anos. Outras condições são demonstrar caráter moral, ter proficiência no inglês, ser aprovado em um teste sobre a história e o governo dos EUA e comprovar lealdade à Constituição local (aqui e aqui).
Senado dos EUA precisam aprovar nomes de candidatos a embaixador. Mesmo se reunisse todas as condições necessárias para ser indicado como embaixador dos EUA, Bolsonaro ainda teria que passar pelo crivo do Senado local. O próprio órgão destaca que o número de candidatos rejeitados é pequeno, mas não desprezível (aqui, em inglês).
Brasil poderia vetar nome de indicado à embaixada. Conforme estabelecido pela Convenção de Viena (aqui e aqui, em inglês), o país hospedeiro pode rejeitar o nome de um embaixador designado por outra nação. Ou seja: ainda que estivesse apto em todos os pré-requisitos exigidos pelas leis dos EUA para quem pretende se tornar embaixador, Bolsonaro ainda correria o risco de ser vetado pelo governo brasileiro.
Trump ainda não indicou embaixador para o Brasil. No momento, a embaixada dos EUA no Brasil está sob o comando da ministra-conselheira Kimberly Kelly (aqui). Ela exerce a função desde a saída da embaixadora Elizabeth Bagley, que deixou o cargo logo após a posse de Trump (aqui). O novo presidente dos EUA ainda não definiu quem a substituirá em definitivo (aqui).
Imagem de Michelle com foto de Bolsonaro em cadeira vazia é falsa. Como checado pelo UOL Confere (aqui), a imagem reproduzida pelos posts enganosos contém fortes indícios de que foi gerada por inteligência artificial. O conteúdo foi montado de forma a insinuar que o casal estava presente na cerimônia de posse de Donald Trump. Na verdade, apenas Michelle foi aos EUA e participou apenas do baile.
Viralização. Um post no Instagram tinha mais de 9,6 mil curtidas até a tarde desta quarta (22).
Este conteúdo também foi checado por Aos Fatos.
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