Réu do 8/1 morreu após sofrer acidente de trabalho em casa, e não na prisão

Éder Parecido Jacinto, um dos réus condenados pela participação nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, não morreu durante o período em que esteve preso no presídio da Papuda, ao contrário do que afirmam publicações nas redes sociais.

A própria família de Éder esclareceu que ele morreu após sofrer um acidente de trabalho em casa quando estava em liberdade condicional, sem qualquer relação entre o episódio e a prisão dele.

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O que diz o post

"Mais um patriota que se foi, quantos mais até o Brasil acordar?", diz o texto de uma mensagem logo abaixo de uma foto de Éder.

A publicação ainda traz o seguinte texto: "Nota de pesar: Comunicamos por meio deste, a morte de Eder Parecido Jacinto, faleceu em decorrência de problemas de saúde. Éder era do inquérito 4922 e o 4 preso político que veio a falecer".

"Mais um patriota tem a vida ceifada em cativeiro. Até quando o povo brasileiro vai aceitar isso? Até quando, deputados e senadores do Brasil?", questiona um dos comentários da publicação, insinuando que Éder morreu na prisão.

Por que é falso

Réu do 8/1 morreu após sofrer acidente de trabalho em casa. Ao pesquisar o nome completo do réu no Google (aqui), algumas reportagens detalham a morte de Éder, de 58 anos, ocorrida em 2 de março de 2024. Ele estava em liberdade condicional desde agosto de 2023 e obteve o benefício da prisão domiciliar monitorada após ficar detido por cerca de sete meses na Papuda. Éder voltou para sua casa em Redenção (PA) e retomou o trabalho como caminhoneiro. Pouco antes do Natal daquele ano, ele fazia a manutenção de seu caminhão quando caiu de um andaime, fraturando o fêmur e a coluna. Ele foi levado ao hospital, mas seu quadro se agravou. Após ficar dias em coma, Éder morreu por infecção generalizada. Ele foi enterrado em Petrolina de Goiás (GO), onde mora a maioria de seus familiares (aqui, aqui e aqui).

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Família negou relação entre morte de Éder e período em que ele esteve preso. Em nota (leia abaixo), familiares do caminhoneiro ressaltaram que a morte de Éder não teve qualquer relação com o período no qual ele esteve preso em Brasília: "A causa da morte do cidadão Eder Parecido Jacinto deu-se por motivos de acidente de trabalho, haja vista que o mesmo encontrava-se em casa trabalhando quando fora acometido por tal infortúnio. (...) A causa morte do falecido em nada tem haver [sic] com sua prisão", diz o texto, assinado pelo pai, pela mulher e pelas duas filhas de Éder.

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Imagem: Reprodução

Familiares criticaram propagação de notícias falsas sobre morte de Éder. "A família desautoriza quem quer que seja de propagar informações e imagens do de cujus [expressão em latim usada para substituir o nome do falecido] de forma perniciosa e aproveitadora, com intuito claro e único de auferir engajamento nas redes sociais à custa de disseminação de mentiras e em total desrespeito à família enlutada", completa a nota assinada pela família do caminhoneiro.

Quatro réus do 8/1 já morreram; apenas um na prisão. O empresário Cleriston Pereira da Cunha, de 46 anos, foi o único dos condenados pelos atos antidemocráticos a morrer na Papuda. Ele teve um mal súbito enquanto tomava banho de sol em 20 de novembro de 2023, segundo informações da unidade prisional. Cleriston era acompanhado por uma equipe médica e tomava remédios controlados para hipertensão e diabetes (aqui e aqui). Assim como Éder, os outros dois réus cumpriam liberdade condicional quando morreram. Em 29 de outubro de 2023, Antonio Marques da Silva não resistiu a um acidente de trabalho em Barra do Garças (MT). A causa do óbito foi choque neurogênico e traumatismo crânioencefálico grave (aqui e aqui). Giovanni Carlos dos Santos morreu em 24 de janeiro de 2024 após cair de uma árvore em São José dos Campos (SP) (aqui).

Viralização. Um post no Threads tem mais de 5.100 curtidas e 1.100 compartilhamentos até a tarde de hoje.

Este conteúdo também foi checado por Aos Fatos, Estadão e Reuters.

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