Imagem de Bolsonaro com 'Careca do INSS' em motociata foi gerada por IA

É falsa a foto compartilhada por publicações nas redes sociais e que mostram Jair Bolsonaro (PL) e Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS", participando juntos de uma motociata.

A imagem foi gerada por ferramentas de inteligência artificial. Na foto original, quem aparece na garupa de Bolsonaro é o Coronel Menezes (PL), ex-candidato ao Senado pelo Amazonas.

Os posts enganosos tentam insinuar uma ligação entre o ex-presidente e Antunes, suspeito de envolvimento no esquema bilionário de fraudes no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

O que diz o post

A publicação traz uma imagem supostamente mostrando Bolsonaro pilotando uma moto preta, sem capacete. Na garupa, está um homem de óculos e que acena para o público, identificado como "Careca do INSS". Não há qualquer referência sobre o local da motociata ou a data em que ocorreu o evento.

"Há três coisas que não podem ser escondidas por muito tempo: o Sol, a Lua e a Verdade", diz a frase que acompanha a imagem. "INSS dos corruptos golpista", diz um comentário do post.

Por que é falso

Homem na garupa de Bolsonaro é ex-candidato ao Senado no Amazonas. Por meio de uma busca reversa, foi possível chegar à foto original. A imagem foi publicada em 18 de junho de 2022, quando Bolsonaro, então candidato à reeleição presidencial, participou de uma motociata em Manaus (aqui). Após conversar com apoiadores, ele pilotou uma moto e levou na garupa Coronel Menezes (PL), candidato posteriormente derrotado na disputa pelo Senado (aqui).

Posts enganosos usam foto gerada por IA. Uma comparação entre a foto original (à esquerda) e a compartilhada pelas peças desinformativas (à direita) permite concluir que a segunda foi manipulada com o auxílio de ferramentas de inteligência artificial. Na imagem adulterada, Bolsonaro está sem luvas e seu dedo indicador tem um tamanho desproporcional em relação aos demais (em azul); não há a identificação do logotipo da Honda, fabricante da motocicleta (em vermelho); e há um terceiro retrovisor na outra motocicleta (em amarelo).

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Em comparação com foto real (e), imagem usada em posts enganosos (d) tem dedo distorcido de Bolsonaro (azul), ausência de logotipo da Honda (vermelho) e terceiro retrovisor em moto (amarelo)
Em comparação com foto real (e), imagem usada em posts enganosos (d) tem dedo distorcido de Bolsonaro (azul), ausência de logotipo da Honda (vermelho) e terceiro retrovisor em moto (amarelo) Imagem: Arte UOL Confere sobre Reprodução/Marcus Reis/O Convergente e Reprodução

Bolsonaro e Antunes não estiveram juntos em motociata. Uma pesquisa no Google (aqui) não traz qualquer resultado, seja em reportagens publicadas pela imprensa ou fotos, sobre uma suposta participação do ex-presidente e do lobista em alguma motociata. Os resultados trazem apenas checagens de agências verificadoras desmentindo as postagens enganosas.

Empresário doou R$ 1 para campanha de Bolsonaro em 2022. O nome e o CPF de Antunes constam no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) como um dos doadores da campanha à reeleição do ex-presidente. Segundo o tribunal, a doação foi feita em 12 de setembro de 2022. O valor simbólico foi uma estratégia adotada pelos apoiadores de Bolsonaro em uma espécie de "contagem paralela" de votos (aqui).

Polícia Federal apontou Antunes como intermediário de fraudes. Investigações da PF indicam que Antunes, conhecido como "Careca do INSS", recebeu R$ 53,88 milhões de associações envolvidas no esquema. Ele ainda fez repasses milionários para servidores do órgão suspeitos de participação nos crimes. Segundo a polícia, o empresário é "epicentro da corrupção ativa" (aqui).

Esquema desviou R$ 6,3 bilhões do INSS. Pelo menos 9 milhões de beneficiários tiveram dinheiro descontado ilegalmente entre 2019 e 2024, de acordo com levantamento do órgão. A irregularidade envolvia a cobrança de uma mensalidade associativa (aqui). O escândalo provocou as demissões de Alessandro Stefanutto, presidente do INSS (aqui), e de Carlos Lupi, ministro da Previdência (aqui). Até a tarde de ontem, quase 500 mil pessoas procuraram o INSS para pedir o ressarcimento dos descontos indevidos (aqui). O caso gerou discussões entre partidos de esquerda e direita, que tentam empurrar a culpa pelo escândalo para as gestões de Bolsonaro e Lula (aqui).

Este conteúdo também foi checado pela AFP, Aos Fatos e Reuters.

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