Interpol incluiu Carla Zambelli em lista de procurados internacionais

Publicações compartilhadas nas redes sociais engam ao dizer que a Interpol rejeitou o pedido do ministro Alexandre de Moraes para incluir o nome da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) na lista internacional de procurados.
A Interpol atendeu, sim, à solicitação de Moraes e colocou o nome da parlamentar em sua lista vermelha. Com isso, Zambelli passou a ser procurada internacionalmente.
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O que diz o post
"URGENTE Interpol rejeita pedido de prisão internacional de Carla Zambelli, expondo abuso de autoridade de Moraes", diz o texto sobreposto a uma foto da deputada.
Por que é falso
Interpol incluiu Zambelli em lista de procurados. Na quinta, a polícia internacional acatou a decisão de Moraes e incluiu o nome da parlamentar em sua lista de difusão vermelha. O alerta vale para os 196 países membros da Interpol. Por si só, o órgão não tem autoridade para exigir a prisão de ninguém; a decisão cabe a cada um dos países, que deve determinar como procederá em cada caso (aqui e aqui).
Polícia internacional auxilia em casos de extradição. Ao localizar e deter um foragido, o país entra em contato com quem o procurava. A nação do criminoso pede a extradição; caso ela seja concedida, os agentes da Interpol do país solicitante cuidam da operação de transporte e entrega do procurado à Polícia Federal local.
Nome de Zambelli está em área restrita da Interpol. A deputada não aparece na lista pública dos procurados pela polícia internacional, mas isso não significa dizer que ela está liberada. O órgão explica que "a maioria das difusões vermelhas são restritas ao uso exclusivo das forças da lei" (aqui, em inglês).
Interpol já rejeitou pedidos anteriores de Moraes. Em 2021, o ministro do STF solicitou a inclusão do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, que foi para os EUA, na lista vermelha da Interpol por lavagem de dinheiro, organização criminosa e incitação ao crime. O organismo rejeitou o pedido em dezembro de 2022 e alegou falta de informações. Moraes também procurou a Interpol em 2023, desta vez com relação ao influenciador bolsonarista Oswaldo Eustáquio por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro daquele ano e que estava na Espanha. A Interpol também rejeitou o pedido e justificou sua decisão ao afirmar que não inclui em sua lista vermelha pessoas com pedido de refúgio ou asilo político em outros países (aqui).
Moraes pediu extradição de Zambelli. O ministro do STF solicitou ao Ministério da Justiça para formalizar o pedido de extradição da deputada e determinou que Hugo Motta, presidente da Câmara, fosse notificado da cassação dela (aqui). Zambelli foi condenada a dez anos de prisão e à perda de mandato por ter invadido o sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) (aqui). Ela deixou o Brasil pela fronteira com a Argentina (aqui), o que motivou Moraes a decretar a prisão preventiva dela (aqui). A deputada está na Itália, conforme informou sua assessoria (aqui).
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Este conteúdo também foi checado por Aos Fatos e pelo Estadão.
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