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Maior planta de dessalinização do país entra em operação no Espírito Santo

10/09/2021 10h50

Os desafios impostos pelas mudanças climáticas têm feito a humanidade ressignificar suas relações com o meio ambiente. Ou, ao menos, passado a pensar mais seriamente sobre isso.

Inundações dramáticas na Europa e América do Norte, secas e incêndios florestais em todo o mundo dispararam o alerta de que providências precisam ser tomadas, e com urgência, para mitigar os efeitos danosos que a ação humana tem provocado na natureza, especialmente nos últimos 150 anos.

Há poucas semanas, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) divulgou relatório aguardado com apreensão pela comunidade internacional. Nele, entre outros dados preocupantes, os cientistas indicam que, nas próximas décadas, além do aumento de temperatura, da ordem de 2º C até o final deste século, a produção natural de água será fortemente afetada. Em resumo: haverá chuvas mais intensas e inundações associadas e, ao mesmo tempo, secas drásticas e prolongadas em muitas regiões.

Antecipando esse futuro e na tentativa de minimizar, ao máximo, seus efeitos, muitas empresas têm mapeado ações que possam mitigar os impactos de uma possível grave crise hídrica. O objetivo é garantir maior estabilidade e eficiência hídrica não só para suas próprias operações, como para as regiões onde estão instaladas.

Um dos fortes aliados nesta agenda é a dessalinização da água do mar. Comum em países desérticos ou com pouca disponibilidade de água, a tecnologia ainda é rara no Brasil, apesar da sua vasta extensão litorânea.

ArcelorMittal_Dessalinização -  -

O Espírito Santo, na Região Sudeste, saiu na frente e dará início à operação, neste mês de setembro, à maior planta para fins industriais do território nacional.

O projeto é da ArcelorMittal Tubarão, uma das maiores produtoras de placas de aço do mundo, que investiu R$ 50 milhões na obra, executada pela americana Fluence Corporation. Localizado em área de 6 mil m² dentro da usina, o arrojado sistema segue referências utilizadas em países como Israel e Estados Unidos, tem capacidade inicial para tratar 500 m³/hora de água e possibilidade de ampliar, no futuro, para 1.500 m³/hora.

"A água dessalinizada será utilizada no resfriamento de equipamentos (troca de calor) e substituirá parte do volume consumido do Rio Santa Maria da Vitória, um dos principais mananciais que abastecem a Região Metropolitana da Grande Vitória, onde a unidade está instalada. Assim, além de garantir maior estabilidade operacional para nossas operações, asseguraremos maior disponibilidade de água potável para a população."

- Explicou Benjamin Baptista Filho, presidente do Conselho de Administração da ArcelorMittal Brasil.

Projeto antigo da produtora de aço, a planta teve seu prazo de construção abreviado após a severa crise hídrica de 2015, no Estado. De lá para cá, a empresa intensificou investimentos para potencializar sua gestão hídrica e estar preparada para futuros cenários de escassez de água: modernizou sua Planta de Tratamento de Água de Reúso, com capacidade de tratamento de 400 m³/hora, e consolidou índices como o de recirculação de água em seus processos (da ordem de 98%) e de captação de água do mar para utilização na usina (cerca de 96%), dentre outras ações.

Neste mês de setembro, firmou Termo de Compromisso inédito com a responsável capixaba de abastecimento de água, a Cesan, para compra, por no mínimo 25 anos, de 540 m³/hora de água de reúso proveniente de estações de tratamento sanitário. A aquisição reduzirá, ainda mais, o consumo de água doce pela empresa.

Projeto moderno e inovador

ArcelorMittal_Osmose reversa -  -

A retirada do sal da água marinha na planta será feita por meio de osmose reversa, método de dessalinização mais usado no mundo. A partir da técnica, uma bomba de alta pressão força a água a passar por membranas poliméricas com orifícios minúsculos, que retêm os sais.

A devolução da salmoura (líquido com maior concentração de sais que sobra do processo de separação) para o mar não gerará impactos ambientais.

"Na fase de pedido de licença ambiental junto ao órgão responsável no Estado, o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), foram feitos vários estudos que demonstraram que a salmoura não promove impactos ao ecossistema marinho. E ela será devolvida ao mar por um canal de retorno de água do mar de resfriamento de equipamentos já existente na usina (condensadores das centrais termelétricas), o que gerou um custo competitivo para o projeto."

- Explicou Jorge Oliveira, CEO ArcelorMittal Aços Planos América do Sul.

Segundo ele, os demais estudos ambientais envolvendo o projeto e sua implantação também foram devidamente submetidos ao órgão licenciador para a obtenção da licença de operação.

A tecnologia de osmose reversa representa 84% do total de operações de dessalinização no planeta, sendo Israel um dos pioneiros no seu uso. No país, a cada ano, 600 milhões de m³ de água do mar são transformados. Lá o tratamento é para água potável, visando atender às necessidades de 6,5 milhões de pessoas (cerca de 75% da população israelense).

Atualmente 15,9 mil plantas de dessalinização estão em operação no mundo, com capacidade para purificar cerca de 95 milhões de m³ de água por dia, segundo estudo publicado na revista Science of the Total Environment (dez/2018). Estão localizadas principalmente no Oriente Médio, norte da África, Estados Unidos, China e Austrália.

Autossuficiência em energia elétrica

ArcelorMittal_Sala elétrica -  -

Um dos maiores desafios para implementar projetos de dessalinização, além do fato de tratar-se de um investimento especialmente caro, está na sua operacionalidade que demanda grande quantidade de energia.

Para a ArcelorMittal Tubarão, este não é um problema. Autossuficiente desde 1998, a empresa produz sua própria energia elétrica em seis termelétricas por meio de tecnologias de reaproveitamento de gases.

"Um projeto que, inclusive, nos levou a sermos a primeira produtora de aço integrada, em âmbito mundial, a validar e registrar um projeto de crédito de carbono no Comitê Executivo das Nações Unidas (UNFCCC)."

- Afirmou Erick Torres, vice-Presidente de Operações de Aços Planos ArcelorMittal Brasil.

De acordo com o executivo, atualmente, a empresa tem dois projetos de mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL) aprovados pela Organização das Nações Unidas (ONU), sendo um deles o de cogeração de energia elétrica para reutilização dos gases da aciaria e outro de geração de crédito de carbono no processo Heat Recovery, que produz 170 MW de energia elétrica na central termelétrica e tem potencial de gerar como crédito, num período de 10 anos, 2,5 milhões de toneladas de CO2, um dos maiores em volume de crédito nas produtoras integradas de aço mundiais.

Com capacidade total de geração de energia da ordem de 500 MW (equivalente ao abastecimento de cerca de 1,7 milhão de residências), a empresa não só produz para seu próprio consumo, podendo suprir, ela mesma, a demanda da planta de dessalinização (cerca de 3 MW), como comercializa o excedente, contribuindo para o sistema público.

Este é um conteúdo de autoria de ArcelorMittal e não faz parte do conteúdo jornalístico do UOL.