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Júri condena suposto líder do PCC a 29 anos por morte de juiz de SP

Rosanne D'Agostino<br/> Do UOL Notícias<br/> Em São Paulo

02/10/2009 05h31

Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, foi condenado nesta sexta-feira (2) pelo Tribunal do Júri de São Paulo pela morte de um juiz-corregedor de Presidente Prudente, interior paulista. O julgamento, que durou mais de 14 horas, foi encerrado por volta das 4h no Fórum da Barra Funda, zona oeste de SP.

Advogado abandona júri,
e Marcola não é julgado


Carambola e Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, supostos líderes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), são acusados de serem mandantes do assassinato do magistrado Antonio José Machado Dias, 47, juiz-corregedor dos Presídios e da Vara de Execuções Criminais de Presidente Prudente, morto com dois tiros no dia 14 de março de 2003, na saída do fórum da cidade. Os dois estão presos na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, a oeste do Estado.

Quase sete anos depois do crime, seis das sete pessoas do júri decidiram que Carambola é culpado pelo assassinato, cometido com motivo torpe e emboscada, qualificadoras que aumentaram a pena. A defesa afirmou que irá recorrer da sentença.

O júri
Carambola chegou ao fórum por volta das 11h30 desta quinta (1º), sob forte escolta policial. Debates da defesa e acusação começaram por volta das 21h30, mas o juiz Alberto Anderson, que presidiu o júri, manteve a sessão até a madrugada.

O promotor Carlos Marangoni Talarico defendeu a existência da facção e disse que Carambola tinha motivos para cometer o crime, pois o juiz era visto como rígido pelos presos. Em seguida, o advogado Claudio Márcio de Oliveira argumentou que não há provas concretas contra o seu cliente.

Assassinato de juiz é atribuído ao PCC

  • Rogério Cassimiro/Folha Imagem - 08.jun.2006

    Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, em junho de 2006, é levado para prestar depoimento a deputados federais da CPI do Tráfico de Armas, na penitenciária de Presidente Bernardes (SP), sobre os atentados atribuídos ao PCC (Primeiro Comando da Capital), ocorridos em maio daquele ano em SP


Em seu interrogatório, Carambola afirmou que não fazia parte da facção e que não planejou o crime. Antes, testemunhas de acusação disseram que Carambola era um dos líderes da facção, responsável por planejar e executar o crime. Já as testemunhas da defesa deram detalhes da rotina na prisão e sobre as investigações. O objetivo do advogado era comprovar que não há provas concretas que liguem seu cliente ao fato.

Abandono de júri
O julgamento de Marcola também aconteceria nesta tarde, mas, minutos após o início da sessão, que teve início às 14h30, seu advogado, Roberto Parentoni discutiu com o juiz Alberto Anderson porque teve negado pedido para adiar o júri. Ele alegou cerceamento de defesa, por não ter acesso aos autos e tempo para falar com seu cliente, e deixou o plenário.

"Não é a questão do Marcos [Marcola]. Está em jogo o Estado Democrático de Direito", disse. Marcola não compareceu ao julgamento. Ainda não há nova data para o júri.

Entenda o caso
O juiz foi baleado por volta das 18h30 após seu Vectra ser fechado por dois outros veículos. Um Uno foi abandonado próximo ao local do crime. O motivo seria o descontentamento da facção com a atuação do magistrado, considerado duro ao julgar os pedidos de presos.

Machado analisava pedidos de benefícios dos presidiários e fiscalizava o cumprimento de pena em sete penitenciárias da região de Presidente Prudente. Da jurisdição faz parte o Centro de Readaptação Penitenciária de Presidente Bernardes (589 km de SP), unidade de segurança máxima onde está presa a maioria dos líderes do PCC.

As investigações
Cerca de duas semanas após o assassinato, a polícia concluiu que a ordem havia partido do tido como principal líder do PCC de dentro da Penitenciária 1 de Avaré (262 km a oeste de SP). Três dias depois da morte, um bilhete foi apreendido na prisão.

Mudanças no Tribunal do Júri causam polêmica

Casos como o de Eloá Pimentel já começam a mostrar a rapidez trazida pelas novas regras do Tribunal do Júri



A mensagem dizia: "se realmente foi isso, hoje virá algum salve para você. A caminhada é a seguinte: o Machado foi nesta. Passou em todo o jornal lá da cidade e de São Paulo. Esse salve veio hoje pelo pessoal. Foi a Fia [suposta mensageira do PCC] que passou. Acredito eu que é a caminhada do câncer, pois a operação que faltava foi marcada e o paciente operado. Ela pediu para dizer que tinham matado o Machado".

Marcola nega ter ligação com o homicídio. Três de outros quatro acusados já foram condenados pelo crime. João Carlos Rangel Luisi, o Jonny, pegou 19 anos de reclusão em regime fechado; Reinaldo Teixeira dos Santos, o Funchal, 30 anos de reclusão em regime fechado e Ronaldo Dias, o Chocolate, 16 anos e oito meses de prisão. Adilson Daghia, o Ferrugem, ainda não foi julgado.


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