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Avião da FAB é encontrado por índios na Amazônia com nove sobreviventes

Do UOL Notícias*<br/> Em São Paulo

30/10/2009 12h57

Atualizado às 16h37

  • Arte UOL
O avião C-98 da FAB (Força Aérea Brasileira), modelo Cessna Caravan, que desapareceu ontem na Amazônia foi encontrado no meio da floresta nesta sexta-feira (30). Segundo o Comando da Aeronáutica, há nove sobreviventes que passam bem. Um dos ocupantes do avião está desaparecido e há indícios de um possível óbito. Ao todo, 11 pessoas viajavam na aeronave.

Segundo nota do Comando da Aeronáutica, a aeronave foi encontrada nesta manhã por índios da tribo matis, que notificaram a Funai (Fundação Nacional do Índio) sobre a descoberta. A Força Aérea agora resgata as vítimas, que estão sendo encaminhadas para o Hospital Regional do Juruá, em Cruzeiro do Sul, no Acre.

O C-98 Caravan fez um pouso forçado no rio Ituí, afluente do rio Javari, entre as aldeias Aurélio, do povo matis, e Rio Novo, da etnia marubo. Uma aeronave C-105 Amazonas localizou o avião que estava desaparecido às 9h40, a partir das informações fornecidas pelos índios.

O avião acidentado pertence ao 7º Esquadrão de Transporte Aéreo (7º ETA), sediado em Manaus (AM). Ele decolou de Cruzeiro do Sul (AC) por volta das 10h30 (horário de Brasília) de ontem e deveria ter chegado às 12h15 no seu destino: Tabatinga (AM). O avião transportava técnicos da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e emitiu um sinal de emergência 58 minutos após a decolagem. Segundo a Aeronáutica, eram boas as condições meteorológicas no horário do desaparecimento da aeronave.
  • Divulgação/FAB

    Imagem de arquivo mostra modelo idêntico ao que desapareceu


Os sobreviventes são três militares identificados como tenente Carlos Wagner Ottone Veiga, tenente José Ananias da Silva Pereira e sargento Edmar Simões Lourenço. Os demais são civis: Josiléia Vanessa de Almeida, Maria das Graças Rodrigues Nobre, Maria das Dores Silva Carvalho, Marina de Almeida Lima, Diana Rodrigues Soares e Marcelo Nápoles de Melo.

Os outros dois ocupantes do avião ainda não resgatados são: João de Abreu Filho (técnico) e o suboficial Marcelo dos Santos Dias, segundo listas divulgadas anteriormente.

Mais de cem militares participam da operação de buscas e resgates, sendo que 36 militares --entre médicos, enfermeiros e especialistas em resgate--, foram deslocados para a região delimitada pela FAB como provável local do acidente.

A Funasa informou que os familiares dos profissionais que estavam no avião estão recebendo assistência da prefeitura de Atalaia do Norte (AM), município onde residem. O diretor do Departamento de Saúde (Desai) da Funasa, Wanderley Guenka, viajou para Cruzeiro do Sul (AC) para acompanhar os trabalhos da FAB.

Segundo o secretário de Planejamento de Atalaia do Norte, João Bosco Lopes, a população indígena que mora no Vale do Javari, área do Amazonas onde desapareceu a aeronave, foi acionada para ajudar nas buscas. Nessa localidade, a única presença humana é das comunidades indígenas.

Índios ajudam em resgate

As equipes de resgate da FAB recebem a ajuda de índios da etnia matis para chegar ao local onde o C-98 Caravan foi encontrado na floresta amazônica. Os matis vivem na região do rio Ituí, onde a aeronave pousou. Eles foram os primeiros a encontrar o avião, na manhã desta sexta-feira (30).


Para orientar os indígenas que se dispuseram a ajudar em Atalaia, funcionários da Funasa e da Funai estão em contato - por rádio - desde o início da manhã desta sexta com as aldeias da região.

Equipe da Funasa
A equipe que estava a bordo do avião fazia o trabalho de vacinação em aldeias indígenas do vale do Javari, no extremo oeste do Estado do Amazonas.

Em nota, o órgão afirma que os "colaboradores foram designados para ações de imunização (Operação Gota) em cerca de 3,7 mil indígenas de, aproximadamente, 40 aldeias, no vale do Javari, no Amazonas".

A operação é uma parceria entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Defesa, por intermédio do Comando da Aeronáutica, que levava às populações residentes em áreas rurais e indígenas de difícil acesso as vacinas do calendário básico de vacinação nacional, além de vacinas específicas para povos indígenas.

Motor único em avião aumenta vulnerabilidade

Com apenas um motor, o avião da Força Aérea Brasileira (FAB) é bastante vulnerável. A opinião é compartilhada por dois especialistas ouvidos pelo UOL

Informações técnicas
Além de ser utilizado no transporte de cargas, o Caravan é bastante usado pela FAB no transporte de equipes médicas em missões do Correio Aéreo Nacional (CAN), que leva atendimento de saúde a comunidades isoladas da Amazônia. O avião é usado pela Força Aérea desde 1987.

A velocidade máxima que o C-98 Caravan pode chegar é 341 km/h. A aeronave, de fabricação da empresa norte-americana Cessna, possui 15,88 m de envergadura e 11,46 m de comprimento. O avião é utilizado no Brasil, Estados Unidos, Bolívia e Libéria. A aeronave tem capacidade para até 14 passageiros e um tripulante.

*Com colaboração especial no Amazonas. Com informações da Agência Brasil.