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Cabral culpa ocupação irregular de favelas por tragédia no RJ

Veja mais imagens no álbum de fotos - Vanderlei Almeida/AFP
Veja mais imagens no álbum de fotos Imagem: Vanderlei Almeida/AFP

Do UOL Notícias *

Em São Paulo

06/04/2010 12h55

Atualizado às 15h04

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), afirmou nesta terça-feira (6) que a tragédia causada pela chuva, que matou pelo menos 80 pessoas em todo o Estado, foi agravada por ocupações irregulares, as quais prometeu combater mais duramente. Ele voltou a defender medidas polêmicas, como a construção de muros em torno de favelas.

Em entrevista à Globonews, Cabral, que deve se candidatar à reeleição neste ano, disse ainda que o poder público também tem de ampliar investimentos em drenagem e limpeza de esgotos, mas alegou que muitas dessas cidades afetadas pelas chuvas, incluindo a capital, herdaram problemas de gestões anteriores.

“No Rio de Janeiro entra ano e sai ano e essa missão da ocupação do solo urbano não é tratada com a devida seriedade. Nada justifica essa incapacidade do poder público de impedir construção em áreas de risco”, afirmou o governador.

“Quando dissemos que construiríamos um muro na favela da Rocinha, íamos garantir a vida das pessoas. Não é possível a construção irregular continuar. Se você pegar essas pessoas que morreram, quase todas estavam em áreas de risco.”

As mortes foram provocadas, em sua maioria, por deslizamentos de terra, segundo Cabral. Foram relatados desabamentos no Andaraí, no morro do Borel (Tijuca), em Santa Tereza, no morro dos Macacos (Vila Isabel), no morro do Turano (zona norte), em Petrópolis e em Niterói. Mas, segundo a Defesa Civil, foram registrados 140 deslizamentos de terra e 26 desabamentos de imóveis só na capital até o início desta tarde. O governador confirmou que vai decretar decretar estado de emergência no Estado.

Cabral aproveitou para mandar um recado aos prefeitos de cidades atingidas pelas chuvas: “Contem comigo para impedir a expansão das favelas dessa maneira irresponsável. É isso que permite que isso aconteça. Temos que tomar juízo, todos nós”, disse.

Sem sair de casa
Alagamentos, deslizamentos, queda de energia e caos no trânsito e no sistema de transporte tornam complicada a vida de quem mora no Estado hoje. Por isso, o prefeito da capital, Eduardo Paes, pediu na manhã desta terça-feira (6), em entrevista à TV Globo, que a população não saia de casa até que a situação melhore.

"Queremos agora é preservar vidas. As pessoas devem ficar em casa. É um risco inaceitável. Se as pessoas saírem de casa vão correr risco e atrapalhar ainda mais esta situação atípica e inesperada", disse.

Devido aos temporais, as aulas da rede municipal, estadual e particular, além das universidades, estão suspensas nesta terça-feira na cidade do Rio. Em entrevista à TV Bandeirantes, Paes afirmou que a "situação é de absoluto caos. Todas as vias importantes estão interrompidas." Ele ressaltou ainda que "é um risco as pessoas tentarem passar [por alagamentos]".

O governador fluminense, que defendeu o prefeito das críticas de falta de investimento, replicou o recado dado mais cedo: “Cada um está fazendo sua parte. Aqueles que não são funcionários, não façam nenhum movimento mais brusco. Deixem para quem está trabalhando e tem preparo para isso”, pediu.

Mais cedo, Sérgio Simões, subsecretário de Defesa Civil/RJ, disse em entrevista à GloboNews que choveu "quantidades além do que qualquer cidade é capaz de suportar", referindo-se a regiões como a zona norte e a zona sul, onde o acumulado de chuva atingiu os 200 mm.

* Com informações de André Naddeo, no Rio de Janeiro, e Agência Estado.