Justiça do Rio condena Bruno e Macarrão; juiz diz que Eliza tinha "comportamento desajustado"
A Justiça do Rio de Janeiro condenou na madrugada desta terça-feira (6) Bruno Souza, ex-goleiro do Flamengo, a quatro anos e meio de prisão pelos crimes de lesão corporal, cárcere privado e constrangimento ilegal cometidos contra Eliza Samudio, ex-amante do atleta. Responsável pela decisão, o juiz Marco Couto, da 1ª Vara Criminal de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, também condenou Luiz Henrique Romão, o Macarrão, amigo de Bruno, a três anos de prisão pelo crime de cárcere privado.
Nos últimos meses, houve várias audiências com testemunhas de defesa e acusação e coube ao juiz reunir todas as informações e depoimentos colhidos para chegar a este veredito. Não houve júri popular.
"A culpabilidade é exorbitante na medida em que se percebe que é absolutamente reprovável a conduta do réu, já que praticou os crimes que ensejaram a sua condenação com o propósito de se ver livre do status de pai que não desejava desempenhar", escreve o juiz na sentença.
"Ao conhecer a vítima em determinado evento (uma orgia na versão do réu ou um churrasco na versão da vítima) e optar pelo sexo irresponsável, não lhe cabia fazer o papel que fez ao saber da gravidez da vítima. A sua covardia, pois, impõe resposta penal adequada", justifica o magistrado.
Em outubro de 2009, Eliza denunciou Bruno e Macarrão por terem-na agredido e forçado a ingerir substâncias abortivas. A amante tentava provar que o goleiro era o pai do bebê que ela esperava. O juiz Marco Couto negou aos réus o direito de recorrer da decisão em liberdade.
Bruno e Macarrão foram denunciados em julho deste ano pelo Ministério Público do Rio de Janeiro pelos crimes de sequestro, cárcere privado e de lesão corporal contra a ex-amante.
Comportamento "desajustado"
Na sentença, o juiz da 1ª Vara Criminal de Jacarepaguá também faz uma ressalva a respeito de Eliza Samudio. "Seria hipocrisia fingir que os autos não revelam que a vítima também tinha comportamento desajustado. Há registro nos autos de que a vítima procurava envolvimento com muitos jogadores de futebol. Neste ponto, não se define bem quem é vítima de quem. Se os jogadores de futebol, embriagados pelo dinheiro e pela fama, são vítimas de mulheres que os procuram com toda a sorte de interesses. Se as mulheres que procuram os jogadores de futebol, embriagados pelo dinheiro e pela fama, são vítimas deles. Nessa relação, ninguém é muito inocente. Todos têm culpa", escreve.
Considerando a relevância do ex-goleiro como figura pública, o juiz Marco Couto acrescenta que "diante da personalidade do réu, lamenta-se que crianças e amantes do futebol já tenham admirado o acusado. Isso porque o réu não é digno de qualquer admiração, consideradas as circunstâncias reveladas nestes autos".
Desaparecimento de Eliza
Além do processo no Rio, Bruno também é julgado em Minas Gerais, suspeito pelo desaparecimento e suposta morte de Eliza.
Em agosto, a Justiça mineira aceitou denúncia oferecida pelo Ministério Público contra Bruno e outros sete envolvidos no desaparecimento e suposta morte de Eliza. Além do goleiro, os demais acusados são: Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, amigo de Bruno; Sérgio Rosa Sales, primo do atleta; Dayanne Souza, ex-mulher dele; Elenilson Vítor da Silva, ex-administrador do sítio de Bruno em Esmeraldas (MG); Fernanda Gomes de Castro, ex-amante do goleiro; Wemerson Marques, ex-funcionário de Bruno; e Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, ex-policial civil.
Flávio Caetano de Araújo, ex-motorista de Bruno, teve o pedido de habeas corpus aceito pela Justiça mineira e foi liberado da prisão no último dia 27 de novembro.
Os réus respondem pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado, ocultação de cadáver, formação de quadrilha e corrupção de menor. Apontado pela polícia como o assassino de Eliza, Marcos Aparecido dos Santos responderá por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Outro suspeito no caso é o menor J., primo do goleiro, que recebeu medida socioeducativa aplicada pelo juiz da Vara da Infância e Juventude de Contagem (MG). Os réus negam as acusações.
A juíza Marixa Fabiane, do 1º Tribunal de Júri de Contagem (MG) ainda não decidiu se – e quais – os réus que irão a júri popular.
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