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Justiça manda goleiro Bruno a júri por homicídio de Eliza; 4 réus vão aguardar julgamento em liberdade

Rayder Bragon<br>Especial para o UOL Notícias

Em Contagem (MG)

17/12/2010 17h53Atualizada em 17/12/2010 19h38

A juíza Marixa Fabiane, do 1º Tribunal do Júri de Contagem (MG), decidiu que o goleiro Bruno Souza e mais três réus --Luiz Henrique Romão, o Macarrão, amigo do atleta; Sérgio Rosa Sales, o Camelo, primo de Bruno; e Marcos Aparecido dos Santos, o Bola -- vão a júri popular pelo homicídio de Eliza Samudio, ex-amante do atleta. Os três primeiros também foram pronunciados pelos crimes de sequestro e cárcere privado de Eliza e seu filho. Já Bola responderá também por ocultação de cadáver. Ainda não há data para a realização do júri popular.

Os demais réus --Dayanne de Souza, ex-mulher do goleiro; Elenílson Vitor da Silva, ex-administrador do sítio; e Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, amigo do atleta --vão responder por sequestro e cárcere privado do filho de Eliza. Fernanda Gomes Castro, ex-amante de Bruno, será julgada por sequestro e cárcere privado de Eliza e do bebê. Na decisão, no entanto, a juíza mandou soltar imediatamente estes últimos quatro réus, que devem responder ao processo em liberdade.

Já Flávio Caetano de Araújo, que era motorista do goleiro, não vai a júri, segundo decisão da magistrada. Ele foi solto no último dia 27.

O menor J., primo de Bruno, que está internado em Minas Gerais, também é acusado do crime, mas responde à Vara da Infância e Juventude. Na decisão de hoje, a juíza inocentou todos os réus do crime de corrupção de menores, que constava na denúncia do Ministério Público.

Eliza está desaparecida desde o começo de junho deste ano e, segundo investigações da polícia de Minas Gerais, ela teria sido sequestrada e morta. Seu corpo não foi encontrado. Ela tinha um filho que alegava ser do jogador, acusado de arquitetar o plano de sua morte.

Recurso da defesa

Cláudio Dalledone, advogado de Bruno, diz que a decisão não o surpreendeu. “Um ponto de justiça se levantou com a soltura dos demais [réus]”, disse. Em relação ao goleiro, o defensor diz estar confiante de sua inocência. Para Dalledone, a absolvição pelo crime de corrupção de menor significa que a acusação vem “perdendo força”. “Essa acusação vem se desmoronando e se esvaindo. Quando eu disse que as acusações eram inválidas e anêmicas, eu tinha razão.”

Ele afirmou que vai entrar com recurso nos próximos dias para anular o processo. Segundo o advogado, o processo teve vários erros, como cerceamento de defesa e a ausência do réu em algumas audiências. O defensor ainda alega que seu cliente ficou “indefeso” em algumas etapas do interrogatório, quando ainda era defendido pelo advogado Ércio Quaresma.  

Já o defensor de Bola, Zanone Júnior, disse, antes da sentença, que ia recorrer ao TJ-MG. “Posso pedir nesse recurso a absolvição sumária, a impronúncia. Mas também posso concordar que meu cliente seja submetido a júri, mas pedir o decote de qualificadoras. Essa eu acho que é a matéria que vou enfrentar nesse recurso”, disse o advogado.

Condenação no Rio de Janeiro

No começo deste mês, a Justiça do Rio de Janeiro condenou o goleiro a 4 anos e meio de prisão por lesão corporal, cárcere privado e constrangimento ilegal cometidos contra Eliza.

O juiz marco Couto, da 1ª Vara Criminal de Jacarepaguá (RJ), também condenou a Luiz Henrique Romão, o Macarrão, amigo do atleta, a 3 anos de prisão pelo crime de cárcere privado. A condenação diz respeito a um episódio ocorrido em 2009, quando Eliza ainda estava grávida e foi sequestrada.

Ambos estão presos desde julho em Minas Gerais.