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Juíza afirma que depoimentos de primos de Bruno a levaram a ter certeza da morte de Eliza

Rayder Bragon<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>Em Belo Horizonte

20/12/2010 16h36

A juíza Marixa Fabiane, do 1º Tribunal do Júri de Contagem (MG), afirmou em sua sentença –que levou o goleiro Bruno Souza e mais sete réus a júri popular pela morte de Eliza Samudio–, que a convicção sobre o assassinato da ex-amante do goleiro se baseou em conjunto de provas “periciais, documentais e testemunhais”, mas também nos depoimentos do adolescente J., e de Sérgio Rosa Sales, o Camelo. Os dois são primos do atleta.

A magistrada escreveu em sua sentença, a qual o UOL Notícias teve acesso, que as declarações de J., dadas na fase ainda de investigação, “merecem especial destaque”. Ele cumpre medida socioeducativa em Minas Gerais imposta pelo juiz da Vara da Infância e Juventude de Contagem. 

De acordo com Fabiane, o adolescente foi ouvido quatro vezes por policiais e, em todas as oportunidades, afirmou que Eliza tinha sido assassinada. Apesar de ter refeito algumas declarações e negado algumas, a magistrada entende que a retratação do rapaz tem de ser encarada com “reservas”. A principal negativa do menor foi em relação ao ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado pela polícia de ser o executor de Eliza. Bola foi colocado frente a frente com o menor, que afirmou não o conhecer.

Em versões anteriores, segundo a polícia, o adolescente descreveu desde o momento em que Eliza teria sido sequestrada no Rio de Janeiro, no início de junho deste ano, até o dia da sua suposta morte, no dia 10 daquele mês.

Pelos relatos, houve participação de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e de Fernanda Castro, outra ex-amante do jogador, no sequestro da vítima e do filho dela, cujo pai seria Bruno. Já em Minas Gerais, os depoimentos de J. incluíram os réus Camelo e Bola.

“Portanto, as declarações do menor, principalmente aquelas prestadas no dia 14/07/2010 estão em sintonia com os demais elementos de prova, quais sejam, prova pericial, documental e testemunhal, que em conjunto, formam o convencimento dessa magistrada sobre a materialidade do crime”, escreveu a juíza. Ela aponta ainda que as declarações do adolescente foram ratificadas por Camelo.

“As declarações do menor, na fase policial, em parte substancial, são também alicerçadas pelo réu Sérgio Rosa Sales”, afirmou.

Apesar de o corpo de Eliza ainda não ter sido encontrado, para juíza “a comprovação indireta da materialidade dá-se pela prova oral, técnica e documental”. “Os indícios de autoria em relação ao réu Marcos Aparecido dos Santos são evidenciados pela prova oral, pericial, quebra de sigilo telefônico e declarações do menor J.”, citou Fabiane.

Ainda segundo ela, as contradições entre as declarações do primo de Bruno e dos demais réus “competirá aos jurados analisar”.

Sentença

Na última sexta-feira, o goleiro Bruno Souza, além de Macarrão, Bola e Camelo foram pronunciados por homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado, além de ocultação de cadáver. Somente Bola não foi denunciado pelo sequestro e cárcere privado. De acordo com a decisão, eles vão permanecer presos até o júri popular, cuja data ainda não foi divulgada.

Vão responder ao processo em liberdade a ex-mulher do goleiro Dayanne de Souza, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, amigo de Bruno, Elenílson Vítor da Silva, ex-administrador do sítio dele, além de Fernanda Castro. Eles vão responder pelo crime de sequestro e cárcere privado do filho de Eliza. Fernanda Castro foi pronunciada pelo mesmo crime em relação à vítima. Eles foram libertados na madrugada do último sábado.

Já Flávio Caetano de Araujo, ex-motorista do goleiro e réu no processo, foi inocentado das acusações. Ele havia sido libertado no dia 27 do mês passado.