Cai número de desaparecidos na terceira semana de buscas na região serrana do RJ

A diminuição no total de desaparecidos e uma aparente estabilidade no número de mortos marcam, nesta terça-feira (1º), a terceira semana desde o início das chuvas de janeiro que devastaram a região serrana do Rio de Janeiro. Conforme o novo boletim da Polícia Civil no Estado, divulgado nesta manhã, permanecem em 861 os mortos na tragédia. O número de desaparecidos registrado pelo Ministério Público estadual, entretanto, caiu de 470, na última sexta (28), para 429, no levantamento concluído ontem (31) à noite.

O número total de mortos considera não apenas o balanço da polícia, como também números compilados pelas prefeituras das cidades atingidas. Com isso, são 416 mortes em Nova Friburgo, 347 em Teresópolis, 71 em Petrópolis (todas no distrito de Itaipava), 22 em Sumidouro; quatro em São José do Vale do Rio Preto e uma em Bom Jardim.

Já o número de desabrigados e desalojados em toda a região serrana, segundo a secretaria de Estado da Saúde e da Defesa Civil do Rio (Sesdec-RJ), pode passar de 30 mil pessoas.

R$ 600 mi para reestruturar defesas civis

Ontem, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, informou que o governo federal pretende abrir uma linha de financiamento de R$ 600 milhões, que deverá ser aprovada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) ainda esta semana, e deve ser destinada a reestruturar a Defesa Civil nos Estados e municípios.

“Essa linha vai permitir a contratação de consultorias e universidades para que possam auxiliar no mapeamento”, reiterou o ministro, durante a primeira reunião do Conselho Nacional de Defesa Civil, que aconteceu ontem no ministério de Ciência e Tecnologia, em Brasília.

Com a verba, o ministério promete aperfeiçoar as estruturas das defesas civis do país por meio da qualificação de equipes e do mapeamento das áreas de riscos em municípios mais vulneráveis como a região serrana do Rio de Janeiro. “Muitos projetos são apresentados, mas não têm a consistência ou o rigor técnico necessários para serem transformados em obras que vão prevenir ou mitigar os prejuízos”, explicou.

Bezerra Coelho afirmou ainda que, por orientação da presidente da República, Dilma Rousseff, o ministério fará uma força tarefa nos próximos 30 dias para poder selecionar os projetos já cadastrados relativos à prevenção de catástrofes naturais para terem o recurso liberado. “Em 30 dias, todos os que passarem pelo crivo técnico haveremos de contratar e liberar os recursos ainda no primeiro semestre desse ano”, declarou.

Atualização de desaparecidos

A lista divulgada com o total de desaparecimentos, divulgada ontem à noite pelo MPE, é feita a partir do Programa de Identificação de Vítimas (PIV), coordenado pela promotoria e por meio do qual diariamente são consolidados e processados os dados que vêm das comunicações de desaparecimentos decorrentes das chuvas nos municípios da região serrana. As informações registradas por parentes e amigos são checadas com  os dados de hospitais, IML (Instituto Médico Legal), abrigos, entre outros. Além disso, equipes de apoio vão a campo em busca de maiores dados que possibilitem as localizações.

Dos 429 desaparecidos, 224 são de Teresópolis, 109 de Nova Friburgo, 51 de Petrópolis, 41 de localidades não informadas, três de Sumidouro e um de Bom Jardim. A lista nominal pode ser consultada no site do MP do Rio (www.mp.rj.gov.br).

Aulas em Teresópolis

A secretaria de Educação de Teresópolis informou que o laudo de vistoria de parte das escolas públicas atingidas por enchentes ou deslizamentos, feito pela Defesa Civil, apontou necessidade de demolição de uma unidade, a escola municipal Cascata do Imbuí, e de reforma em outras que acabaram danificadas.

A tragédia afetou o calendário escolar, que teria início na cidade esta semana: as aulas nas instituições de ensino que estão sendo utilizadas como central de distribuição de donativos ou de abrigo começam dia 14 de fevereiro, e nas que não tiveram danos, começam no próximo dia 7.

* Com informações de Camila Campanerut, do UOL Notícias em Brasília