Justiça de Minas Gerais nega habeas corpus, e goleiro Bruno continua preso
Em decisão unânime, desembargadores da Quarta Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais negaram nesta quarta-feira (13) habeas corpus em favor do goleiro Bruno Souza, preso há nove meses na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. Ele e mais 7 réus vão a júri popular pelo sumiço de Eliza Samudio, ex-amante do atleta e que teria um filho com ele.
O relator do processo, desembargador Doorgal Andrada, argumentou na sua decisão que a liberdade do arqueiro poderia ser prejudicial ao andamento do processo.
De acordo com ele, o voto pela continuidade da prisão de Bruno levou em conta a manutenção da ordem pública e a garantia da conveniência da instrução criminal.
“Poderia prejudicar de alguma forma, porque não finda, uma vez o réu levado ao tribunal do Júri, a instrução criminal ainda é permitida (...) considerando que provas ainda serão colhidas e poderão também ser repetidas’, disse o magistrado.
Andrada citou também o “poder aquisitivo” do goleiro e a “relação de subordinação” das pessoas envolvidas no caso com Bruno para negar a soltura. No entendimento do magistrado, esses aspectos poderiam influenciar o trâmite do processo. O magistrado ainda citou "comprovada liderança" de Bruno sobre os demais para negar a sua saída da prisão. Segundo o desembargador, em liberdade, o goleiro poderia influir e persuadir testemunhas.
“Considerando a comprovada liderança entre seus pares, tanto que chegou a ser capitão do time de futebol do Flamengo. (Ele) tem grande capacidade de articulação entre seus amigos, tendo envolvido inúmeros réus”, explicou.
Os outros dois desembargadores que votaram, Herbert Carneiro e Julio Cezar Guttierez, acompanharam o voto do relator.
STJ
O advogado Cláudio Dalledone afirmou que vai recorrer ao STJ (Superior Tribunal de Justiça). Ele criticou decisão e ainda culpou a imprensa pelo revés ao afirmar que “a voz das ruas e o tribunal da imprensa têm acuado o poder Judiciário de Minas Gerais”.
Dalledone disse que o STJ vai “derrubar com muita tranquilidade’ a decisão do TJ-MG.
Para ele, os desembargadores fizeram apenas uma “emenda” à decisão da Juíza Marixa Fabiane, do tribunal do Júri de Contagem, onde tramita o processo sobre o desaparecimento de Eliza Samudio. De acordo com ele, as argumentações da juíza eram “pálidas” e “sem fundamentação” para manter o réu preso.
“O decreto (decisão da juíza) já era fraco, hoje ele é muito frágil. Eu fiz uma consideração escrita dentro do Habeas Corpus, que é vedado ao tribunal a emenda. Respeito a decisão mas acho que ela fragilizou ainda mais a manutenção do Bruno preso”, avaliou.
“A minha esperança nunca deixou de ser em Brasília-DF”, disse o advogado referindo ao STJ. “Mas eu teria que passar por aqui, primeiro”, resumiu Dalledone.
Antes da audiência, o advogado estava muito confiante na soltura do goleiro pelo fato de que, após argumentação oral feita na última quarta-feira, o relator havia pedido vistas ao processo. A atitude do desembargador foi tida como um alento pela defesa.
A dentista carioca Ingrid Oliveira, que se apresenta como noiva de Bruno, e o ex-advogado do atleta, Ércio Quaresma, acompanharam a sessão.
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