Topo

Reconstituição da morte de irmãs em Cunha (SP) acontece na semana que vem; suspeito diz ter sido torturado

Rodrigo Machado<BR>Especial para o UOL Notícias <BR>Em São José dos Campos (SP)

15/04/2011 21h56

A Polícia Civil de Cunha (231 km de São Paulo) marcou para a próxima terça-feira (19) a reconstituição do assassinato das irmãs Josely Oliveira, 16, e Juliana Oliveira, 15, que teria sido cometido por Ananias dos Santos, 27, preso na madrugada da última segunda-feira.

Ele não participará da reconstituição por orientação de seu advogado João Ayrosa Rangel, que pediu ontem à Justiça um novo depoimento de seu cliente alegando que as declarações não podem ser consideradas oficiais. Rangel afirma que o suspeito se diz inocente e que confessou o crime apenas porque teria apanhado e sido ameaçado de morte por policiais da DIG.

Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública, não houve agressão, mas Santos passará por exame médico para averiguar a denúncia.

Nesta sexta-feira (15), o delegado titular e responsável pelas investigações, Marcelo Cavalcante, e o delegado Homero Viela Vieira, da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Guaratinguetá, ouviram a principal testemunha do caso, Maria José S., 50 anos, que é ex-namorada do suspeito.

O quarto depoimento da ex-namorada de Santos durou três horas e meia. O UOL Notícias tentou contato com o delegado Marcelo Cavalcante, mas não o encontrou para comentar se houve contradição de ambos.

Segundo o advogado João Ayrosa Rangel, ela teria dito que esteve com o acusado no dia do crime (23 de março) e no dia posterior. “A Maria José comentou que ele estava normal e não apresentava nenhuma fisionomia estranha. Ela não o acusa dos crimes e nem ele. Não houve a necessidade de se fazer a acareação”, afirmou.

Maria José também não participará da reconstituição marcada para as 8h da próxima terça-feira. Ela segue a orientação do advogado Fábio Fernando Caetano Araújo. 

Entenda o crime

As irmãs desapareceram no dia 23 de março e seus corpos foram localizados no último dia 28, num matagal a sete quilômetros de onde as estudantes foram vistas pela última vez. Elas foram mortas a tiros: Juliana morreu com quatro tiros e Josely com um tiro no peito e outro na cabeça. Os corpos também tinham sinais de violência. Exames apontaram que ambas não sofreram violência sexual.

Santos, que chegou a entrar na lista dos 25 criminosos mais procurados do Estado de São Paulo, é condenado por roubo, porte ilegal de armas, formação de quadrilha e constrangimento ilegal em Lorena e Cachoeira Paulista, entre 2002 e 2003.

Foragido do Pemano (Centro de Progressão Penitenciária Dr. Edgard Magalhães Noronha), de Tremembé, desde março de 2009, quando recebeu permissão para saída temporária de Páscoa, Santos é considerado o principal suspeito pela morte das adolescentes depois de ter confessado o crime.