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Juíza do caso Eliza Samudio recebe proteção policial após denúncia de plano para matá-la

Rayder Bragon

Especial para o UOL Notícias<br>Em Belo Horizonte

26/04/2011 15h26Atualizada em 26/04/2011 19h16

A juíza responsável pelo caso Eliza Samudio passou a receber escolta após denúncia de suposto plano para matá-la, exposto pelo advogado José Arteiro, que acusa o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, de tramar o assassinato.

A magistrada Marixa Fabiane Lopes Rodrigues é responsável pelo processo sobre o sumiço de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Souza. A informação foi repassada por pessoas ligadas a ela à reportagem do UOL Notícias nesta terça-feira (26).

De acordo com as fontes, integrantes do Cesi (Centro de Segurança Institucional), vinculado à presidência do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, estão fazendo a escolta da juíza no trajeto da casa dela ao Fórum de Contagem, onde despacha, e vigilância no entorno da sua residência.

Segundo a petição contendo as denúncias, feita por Arteiro no último dia 19 deste mês e à qual a reportagem do UOL Notícias teve acesso, Santos teria encomendado a morte da juíza a traficantes do Rio de Janeiro.

A magistrada pronunciou, em dezembro do ano passado, o atleta e mais sete pessoas pelo desaparecimento da moça, com que o goleiro teria um filho. Os réus vão a júri popular ainda sem data definida. Bola é apontado pela Polícia Civil de MG como o executor de Eliza. 

Arteiro descreve na denúncia que o plano para assassinar a juíza  incluía a ele e ao chefe do Departamento de Investigações da Polícia Civil de Minas Gerais, delegado Edson Moreira, um dos principais responsáveis pelas investigações do caso.

O documento revela que o advogado soube do suposto plano após relato feito por um ex-companheiro de cela de Bola, na penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem.

O advogado teria sido contatado pela mulher do detento Jailson Alves de Oliveira, um ex-policial que cumpre pena de 35 anos por diversos delitos.Conforme a petição, os traficantes seriam “amigos” de Bola liderados por um homem apelidado de “Nem”.

O requerimento ainda relata que Bola estaria planejando a morte de mais pessoas, mas  Oliveira teria afirmado ao advogado que só anunciaria os nomes em juízo. Arteiro é assistente de acusação no processo e representa Sônia de Fátima Moura, mãe da moça.

Confissão

A petição também revela que Bola teria confessado o assassinato de Eliza Samudio ao ex-colega de cela. No entanto, segundo o documento, o ex-policial afirmou ao outro prisioneiro que “jamais acharão seu cadáver, uma vez que foi totalmente carbonizado e desintegrado, sendo o local de execução devidamente limpo e as cinzas jogadas em uma das lagoas onde a polícia chegou a procurar o corpo de Eliza”.

Ontem, a juíza havia enviado à Corregedoria Geral do Tribunal de Justiça de Minas Gerais a petição do advogado contendo a denúncia, que foi apresentada pelo assistente de acusação no dia 19 deste mês no Fórum de Contagem.

Outro lado

O advogado de Bola, Zanone Júnior, classificou a denúncia de “absurda”. “O José Arteiro se superou. Estão fazendo isso para não deixar o caso cair no anonimato. O caso tinha dado uma esfriada e estão tentando colocá-lo de novo no centro das atenções”, avaliou Júnior, que complementou ser “covardia” as novas acusações contra o cliente.

De acordo com a Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDS), Marcos Aparecido foi transferido, no último dia 20, da Nelson Hungria para a penitenciária Professor Jason Soares Albergaria, em São Joaquim de Bicas, região metropolitana de Belo Horizonte.

Porém, a assessoria do órgão afirmou que a transferência não teve relação com a denúncia das supostas encomendas de mortes e que a unidade prisional dispõe de pavilhão exclusivamente destinado a confinar ex-policiais.