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Eletropaulo rebate críticas e diz que unidades da Sabesp são "desassistidas"

Moradora enche galão com água do poço da vizinha: falta de luz gerou 74 cortes de água em 2011 - Juca Varella/Folhapress
Moradora enche galão com água do poço da vizinha: falta de luz gerou 74 cortes de água em 2011 Imagem: Juca Varella/Folhapress

Arthur Guimarães<br>Do UOL Notícias<br>Em São Paulo

27/04/2011 07h00

Repleta de pendências com o Procon-SP e responsável pela distribuição da energia em boa parte da região metropolitana, a AES Eletropaulo se defende das críticas da Sabesp sobre a falta de água causada por falhas na rede elétrica. Segundo levantamento da Sabesp, a Grande São Paulo ficou 307 horas sem água devido à falta de luz em 2011.

“Se tem algum problema, não é com a AES Eletropaulo”, afirma Sidney Simonaggio, diretor executivo da empresa. Segundo ele, há carências no sistema da Sabesp que, se corrigidas, poderiam evitar as consequências drásticas dos apagões. “Uma coisa é a energia que ficou interrompida, outra é a percepção da Sabesp. Foram inúmeros casos atendidos por mim mesmo, e são reveladores. O que acontece com as estações [da Sabesp] é que elas não têm controlador, estão desassistidas. Não tem ninguém na estação. Quando o evento acontece, tem de mandar alguém lá.”

O diretor da empresa de energia diz que 80% dos cortes de luz são “temporários”. Seriam fruto, por exemplo, de um esbarrão de um cabo com um galho de árvore. “Provocam um curto instantâneo e religa-se [o fornecimento de luz] automaticamente. Quando isso acontece, quando acontece a chamada ‘piscada’, o que acontece com a estação da Sabesp? Ela fica desligada até que a Sabesp consiga colocar alguém lá dentro para religar a subestação. Do nosso ponto de vista e dos demais consumidores, está todo mundo religado.”

A Sabesp nega a informação e afirma que os seus equipamentos são monitorados por "telemedição" e que "tem sempre equipe de plantão, em qualquer horário e dia, para acompanhar o funcionamento de todo seu sistema".

A Sabesp tem "falsa percepção"

Simonaggio também critica os limites que a Sabesp coloca para os dispositivos que, por precaução contra prejuízos nos equipamentos, desligam as máquinas quando há baixa potência de energia.

Na análise do diretor da AES Eletropaulo, a Sabesp estaria exagerando nos valores. “Já peguei caso em que o relé [nome técnico de tal dispositivo] estava na tensão nominal e instantâneo”, afirma ele, querendo dizer que o interruptor estava programado para desligar sob mínimas oscilações e sem dar nenhum segundo para que a luz voltasse. “A Sabesp fica com uma falsa percepção [do quadro]”, avalia.

Em nota oficial, a estatal nega a prática e afirma que trabalha de acordo com as determinações oficiais para os limites que aplica aos equipamentos.

Apesar da multa de R$ 4,7 milhões dada pela Fundação Procon-SP por conta de uma série de apagões registrados na região metropolitana entre setembro de 2010 e fevereiro deste ano, o diretor da AES Eletropaulo afirma que a empresa está com o serviço "em uma tendência de melhoria".

Segundo dados da AES Eletropaulo, o tempo médio de duração das interrupções, ao contrário da avaliação da Sabesp, vive uma queda percentual mensal gradativa desde 2010. O valor estava em 12,74 horas em fevereiro do ano passado e, em março deste ano, ficou em 9,95 horas. O diretor da empresa também afirma que a frequência dos apagões pontuais vem oscilando para baixo.

“Essa grita [do mau atendimento] vem de poucas pessoas. Precisamos resgatar a relatividade das coisas. Temos 6,2 milhões de clientes. Quando você pega as reclamações nos diversos órgãos, o valor absoluto das reclamações é infinitamente menor do que o número de consumidores da empresa. Na AES Eletropaulo, os indicadores estão em uma tendência de melhoria”, diz Simonaggio, que afirma adotar um sistema de controle dos apagões que não permite dizer, por exemplo, quantos foram os cortes este ano.

Segundo dados da Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo), responsável pela fiscalização dos serviços de distribuição de energia elétrica, entre janeiro e março deste ano, houve 3.909 reclamações contra a AES Eletropaulo, em comparação aos 2.730 casos de 2010.