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Sabesp é responsável por cortes de água, diz Procon; Eletropaulo teve 680 queixas em 2011

Moradora enche galão com água do poço da vizinha: falta de luz gerou 74 cortes de água em 2011 - Juca Varella/Folhapress
Moradora enche galão com água do poço da vizinha: falta de luz gerou 74 cortes de água em 2011 Imagem: Juca Varella/Folhapress

Arthur Guimarães<br>Do UOL Notícias<br>Em São Paulo

27/04/2011 07h00

Mesmo quando obrigada a interromper o trabalho de suas máquinas por falta de energia, a Sabesp continua sendo a responsável juridicamente pelos problemas decorrentes dos cortes de água na região metropolitana de São Paulo, diz o Procon-SP.

Como mostrou reportagem publicada pelo UOL Notícias, apagões elétricos que atingiram a região metropolitana de São Paulo em 2011 trouxeram, além da escuridão, um prejuízo extra aos moradores: as torneiras ficaram sem água por mais de 300 horas do começo de janeiro até ontem.

Segundo Carlos Coscarelli, assessor-chefe do Procon, “sob os olhos da lei”, a estatal que distribui água para São Paulo não pode jogar a culpa na AES Eletropaulo. “A Sabesp é responsável pelo fornecimento de água e por suas interrupções, independentemente da causa, seja falta de energia ou seca. É ela [Sabesp] quem responde, mesmo que, depois, ela vá repassar o ônus judicialmente à AES Eletropaulo.”

De acordo com ele, que atua diretamente no atendimento de queixas de consumidor contra ambas as empresas, cabe à Sabesp encontrar formas de minimizar o impacto para seus clientes. “Qualquer fornecedor deve ter um ‘backup’, uma forma de amenizar o problema”, avalia.

Coscarelli criticou ainda a postura da Sabesp e da Eletropaulo, que usam os fenômenos naturais como justificativa para problemas no abastecimento. “Não é desculpa. Você pode não saber em que dia vai chover, mas sabe que todo verão terá chuva. Se fosse um terremoto, é uma coisa. Mas todo verão chove, cai raio, venta. Tem de ter alternativas e formas de eliminar tais entraves.”

Eletropaulo x Sabesp

Na avaliação do Procon-SP, a Eletropaulo tem o serviço mais mal avaliado pelos consumidores do que o da Sabesp. Neste ano, a fornecedora paulista de água teve 52 reclamações registradas –contra 680 da empresa de distribuição de energia.

Coscarelli afirma que os clientes tendem a sofrer mais quando falta luz do que quando acaba a água. “A sensação de prejuízo é maior no corte de energia elétrica. Se a pessoa ficar uma hora no escuro, vai achar muito ruim. Mas se ficar um dia sem água, não tem tanto problema assim. Há reservatórios, caixa d'água.”

O assessor-chefe do Procon-SP também credita a baixa incidência de reclamação contra a Sabesp –que deixou a Grande São Paulo sem água por 307 horas este ano–, à deficiências da rede. “Muitas vezes, o serviço em determinada região já é tão deficiente que a pessoa nem reclama”, diz ele. “E uma parte das queixas é feita diretamente na companhia.”

Coscarelli informou que a multa de R$ 4,7 milhões aplicada à Eletropaulo este ano, por conta de apagões, ainda não foi paga. “É um processo lento. Vai longe.” De toda forma, ele é claro quando aponta a AES Eletropaulo como uma das dez empresas mais reclamadas do Estado. “E, mesmo recebendo tantas reclamações, ainda não avançamos muito em termos de acordos para melhorar o serviço”, finaliza.