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Trabalhadores do Metrô, Sabesp e CPTM definem amanhã adesão à greve

Janaina Garcia<br>Do UOL Notícias<br>Em São Paulo

30/05/2011 14h05

A briga pelo reajuste de salários e de benefícios trabalhistas promete paralisar nesta quarta-feira (1º) serviços do metrô, da Sabesp e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Nesta terça-feira (31), funcionários das três categorias decidem em assembleia como será a adesão aos respectivos movimentos, anunciados nas últimas duas semanas.

No metrô, onde desde a semana passada os funcionários trabalham com coletes pretos da campanha salarial, cerca de 1.200 trabalhadores decidiram deflagrar na última quinta-feira (26) a greve para esta quarta depois de a empresa ter insistido na proposta de 6,39% de reajuste. A categoria reivindica 10,79% para reposição da inflação, além de, entre outros pontos, reajuste de 13,9% para o vale-refeição, equiparação salarial, licença maternidade de seis meses, participação nos resultados linear e aumento no valor da cesta básica --dos atuais R$ 100 para pouco mais de R$ 311.

“Tivemos seis rodadas de negociação e hoje (30) de manhã o Metrô ofereceu índice de 6,39% da Fipe a todos os pontos, ainda que não tenha dito nada sobre participação nos resultados. Mas só a cesta básica precisa ser diferenciada, pois um reajuste desse sobre  valor atual dá muito pouco”, disse o vice-presidente do sindicato dos metroviários do Estado de São Paulo, Sérgio Renato da Silva Magalhães.

De acordo com o sindicalista, nesta tarde e amanhã de manhã --respectivamente no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) e no MPT (Ministério Público do Trabalho) --haverá duas tentativas de conciliação antes de se definir, de fato, pela greve. “Nossa intenção nunca foi parar, tanto que estamos na sexta rodada de negociação”, justificou.

Indagado se, em caso de paralisação –válida para as linhas um-azul, dois-verde, três-vermelha e cinco-lilás --, funcionará um percentual mínimo da categoria, Magalhães descartou a hipótese. “Isso será objeto de discussão ainda hoje e amanhã, mas acreditamos que essa é uma responsabilidade do governo --se as linhas operam no limite com 100% dos funcionários, em estado crítico, entendemos que seria uma irresponsabilidade deixá-las operando com menos que isso da mão-de-obra. Seria temerário”, defendeu.

Atualmente, são cerca de 8.700 trabalhadores no setor, para um movimento diário durante a semana de até 3,7 milhões de usuários. Em comunicado na última quinta, o Metrô considerou “precipitado” o anúncio de paralisação e informou que acionará o Paese (Plano de Apoio entre Empresas de Transporte frente a Situações de Emergência) para minimizar transtornos que venham a ser causados pela greve.

“Com o anúncio de greve, a SPTrans deverá readequar as linhas de ônibus para assegurar o transporte de passageiros ao centro da cidade. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) será igualmente acionada para montar esquema especial de trânsito. À Policia Militar caberá o reforço do policiamento”, diz trecho da nota.

CPTM

Apesar de os índices reinvindicados não serem exatamente os mesmos, a greve dos metroviários caminha como movimento conjunto ao dos trabalhadores da CPTM. Em estado de greve desde o último dia 21, a categoria reivindica reajuste real de 5% estendido aos demais beneficios, além de um um novo plano de cargos e salários, adicional de risco de vida de 15% aos trabalhadores de estação e vale refeição de R$ 19. Depois de sete rodadas de negociação, governo e empresa propuseram o índice de 1,75% correspondente ao acumulado de janeiro a fevereiro deste ano.

Em nota, a CPTM informou que, de 69 cláusulas apresentadas, “65 foram discutidas e aceitas. As outras quatro cláusulas dizem respeito às questões econômicas e a CPTM apresentou a proposta aos sindicatos, com vigência a partir de 1º de março de 2011". Entre as cláusulas já aceitas, citou a empresa, estão “totalmente assegurados diversos benefícios proporcionados aos empregados, como seguro de vida, cesta básica, plano de saúde e odontológico, adicional de férias, entre outros”.

Sabesp

Os funcionários da Sabesp, que também prometem greve para esta quarta-feira, realizam assembleia amanhã às 18h na sede do sindicato que representa a categoria, o Sintaema, para organizar a paralisação. O sindicato reivindica reajuste salarial de 7,33% mais aumento real, além da volta do adicional por tempo de serviço e pontos como estabilidade de emprego e plano de cargos e salários.

Segundo o presidente do sindicato, Renê Vicente dos Santos, hoje haveria uma nova --e quinta --rodada de negociação entre as partes, e que acabou transferida para amanhã às 14h. Santos disse que o percentual de 6,39% da inflação calculado pela Fipe e proposto pela Sabesp a salários e benefícios não foi bem recebido pelos trabalhadores.

“A empresa não apresentou nada a respeito da estabilidade de emprego, nem sobre o aumento real --e temos uma perda acumulada de cerca de 20%”, disse. Conforme Santos, a paralisação pode atingir os 360 municípios atendidos pela Sabesp, nos quais há cerca de 15.300 trabalhadores.

Sobre percentual mínimo na ativa, em eventual greve, o sindicalista afirmou que em torno de 20% do quadro deve se manter em escala de plantão de modo a não afetar a captação e a distribuição de água. “Na operação e na manutenção, só atenderemos chamados grandes, emergenciais, mesmo porque não é nossa intenção prejudicar a população”, atestou.