Liderança quilombola no Maranhão tem casa alvejada, diz CPT
A casa do sindicalista Almirandi Pereira, 41, vice-presidente da Associação Quilombola do Charco, de São Vicente Ferrer (MA), foi alvejada com três tiros na última sexta-feira (27), informa em nota a Comissão Pastoral da Terra (CPT) do Maranhão.
Segundo a pastoral, os disparos foram feitos por volta de 21h30. Pereira havia acabado de voltar de uma reunião no quilombo do Charco e assistia televisão quando ouviu os tiros. Os projéteis atingiram paredes e o telhado da casa. Ninguém ficou ferido.
Os quilombolas do Charco tentam conseguir a titulação da área do quilombo no Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Em 30 de outubro de 2010, Flaviano Pinto Neto, líder do mesmo quilombo, foi morto.
Segundo a CPT, os irmãos Manoel de Jesus Martins Gomes e Antônio Martins Gomes --que moram em uma propriedade que disputa a área do quilombo-- foram acusados, mas receberam um salvo-conduto do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA) e aguardam o julgamento em liberdade.
A reportagem não conseguiu localizar a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão para obter informações sobre o caso.
Onda de mortes
O tema da violência no campo voltou à tona na semana passada, quando quatro camponeses foram mortos em menos de cinco dias. Três mortes ocorreram em Nova Ipixuna (a 625 km de Belém): o casal de castanheiros José Cláudio Ribeiro da Silva, 52, e Maria do Espírito Santo da Silva, 50, ativistas que denunciavam a ação ilegal de madeireiros, foi executado na terça-feira (24); no domingo (29), foi encontrado o corpo de Eremilton Pereira dos Santos, 25, que morava no mesmo assentamento do casal.
Na sexta-feira (27), a vítima foi Adelino Ramos, o Dinho, liderança do Movimento Camponês Corumbiara (MCC), assassinado enquanto vendia verduras em Vista Alegre do Abunã, distrito de Porto Velho (RO). Dinho foi um dos sobreviventes do massacre de Corumbiara --ocorrido em agosto de 1995, no qual pelo menos 12 pessoas morreram nas mãos de pistoleiros e PMs-- e também denunciava a atuação de madeireiros.
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