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Empresário que pilotava helicóptero acidentado em Porto Seguro é cremado no Rio

Hanrrikson de Andrade<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>No Rio de Janeiro

22/06/2011 17h55

O corpo do empresário Marcelo Mattoso Almeida foi cremado na tarde desta quarta-feira (22) no Crematório do Caju, na zona portuária do Rio de Janeiro. Ele era o piloto do helicóptero que caiu há cinco dias em Trancoso, no litoral de Porto Seguro, na Bahia, matando sete pessoas -entre as quais a estudante Mariana Noleto, namorada de um dos filhos do governador do Rio, Sérgio Cabral.

Diferentemente das cerimônias das outras vítimas, o crematório de Almeida não atraiu muitos curiosos, apenas familiares e amigos do empresário. Cabral, que está de licença do governo do Estado até domingo (26) por motivos de "ordem pessoal", foi representado por funcionários do Palácio Guanabara.

Almeida, que era presidente do First Class Group e dono do Jacumã Ocean Resort, chegou a jantar com o governador do Rio antes do acidente. De acordo com as investigações da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), ele estava com a habilitação vencida havia cinco anos e não poderia conduzir o helicóptero -o exame médico de capacitação física era válido até 30 de agosto de 2006.

Com isso, o empresário teria usado a matrícula de outro piloto para conseguir autorização para voar: Felipe Calvino Gomes, de 30 anos, que está com a habilitação em dia.

Mais cedo, Cabral participou de outra cerimônia, a da também empresária Jordana Kfuri Cavendish, mulher do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta Construções. Após o crematório, o governador saiu rapidamente em seu carro particular em direção a um heliporto da cidade. Poucos minutos depois, a comitiva oficial do governo do Estado sofreu uma tentativa de assalto nas proximidades do Crematório do Caju.

Cerca de dez criminosos abordaram uma das motos que fazia a escolta dos carros oficiais, e foram imediatamente alvejados pelos seguranças que vinham atrás. Segundo a Polícia Militar, um dos assaltantes foi atingido na troca de tiros.

A polícia suspeita que o grupo fugiu para uma favela do bairro. Homens do 4º Batalhão de Polícia Militar (Caju) chegaram a organizar uma ação para identificar e capturar os criminosos, mas nenhum balanço foi divulgado.

Ligação com empresários

O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) informou que ele e outros quatro deputados da Assembleia Legislativa do Rio preparam em conjunto um requerimento de informação que será entregue na semana que vem ao governador, cobrando explicações sobre sua relação com os empresários Fernando Cavendish e Eike Batista.

A empreiteira Delta Construções S/A, de Cavendish, recebeu R$ 992,4 milhões em contratos com o governo do Rio durante o primeiro mandato de Cabral (2007-2010).

Até o começo desta semana, a administração estadual havia reservado R$ 241,8 milhões do orçamento deste ano em favor da Delta. Em comparação com os valores pagos durante a gestão de Rosinha Garotinho, antecessora de Cabral, a evolução do faturamento da empresa de Cavendish em contratos com o Estado do Rio cresceu 149%, segundo dados do Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios (Siafem). Os números referem-se apenas a obras realizadas diretamente pela Delta, sem a inclusão de contratos em que a empresa integra consórcios, como a reforma do Maracanã.

O governador é amigo de Cavendish e estava na Bahia para a comemoração de seu aniversário. Cabral, que após a tragédia se licenciou do cargo até o dia 26, viajara em avião emprestado pelo empresário Eike Batista.

"Tive satisfação em ter colocado meu avião à disposição do governador. Não tenho qualquer espécie de contrato de prestação de serviços com o governo e nem recebo pagamentos do Estado. Sou livre para selecionar minhas amizades, contribuir para campanhas políticas, trazer as Olimpíadas para o Rio, apoiar a implantação das UPPs e auxiliar a realização de diversos projetos sociais e culturais do Estado", disse Eike Batista, em nota. "Faço tudo com dinheiro do meu bolso e me orgulho disso", acrescentou.