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Organização da parada diz ter reunido 4 milhões; evento celebra união gay e critica homofobia

Guilherme Balza

Do UOL Notícias<br>Em São Paulo

26/06/2011 20h26

Iniciada com uma grande valsa para celebrar seus 15 anos, a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo de 2011 teve como tom a celebração da recente decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que reconheceu como estável a união de casais do mesmo sexo, e a reivindicação da aprovação do Projeto de Lei 122, que criminaliza a homofobia. Segundo a organização da parada, o evento reuniu 4 milhões de pessoas neste domingo (26) entre 12h e 19h. O número, de acordo com os organizadores, foi calculado com base em dados da Polícia Militar. Um número oficial deve divulgado ao longo da semana. A PM não confirma a estimativa.

De acordo com a PM, seis ocorrências foram registradas durante o evento (três casos de tráfico de drogas e três casos de furtos e roubos).  Em um dos casos, Leandro Marcos, ajudante de cozinha, teve seus óculos, que custam aproximadamente R$ 1.500, furtado por um adolescente de 17 anos que, segundo a polícia, participava de arrastões. O menor chegou a ser agredido antes de ser apreendido.

Mesmo proibidas, garrafas com bebidas alcóolicas foram vendidas na parada. Somente em um dos quatro ambulatórios montados para o evento, foram registrados 120 atendimentos até 19h deste domingo, a maioria jovens embriagados . “Parece cenário de guerra”, disse o médico Drauzio Varella, que visitou o ambulatório no final da parada, ao se referir ao ambulatório.

O médico Sauro Bagnaresi, responsável pelo ambulatório, a “parada deste ano foi a mais tranquila dos últimos dez anos”. Segundo médicos do ambulatório, o único caso grave foi o de um homem de 47 anos que engasgou ao comer uma esfirra e teve se levado para o Hospital das Clínicas com falta de ar.

Tom político

A proposta de criminalizar a homofobia, que tem como principais defensores a senadora Marta Suplicy (PT-SP) e o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), tramita no Senado, mas enfrenta forte resistência da bancada religiosa do Congresso, tradicionalmente contrária à causa gay.

“Nós temos o maior respeito a todas as religiões. Não queremos destruir a família de ninguém. Nós queremos apenas construir a nossa”, afirma Tony Reis, presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais).

Wyllys criticou os religiosos contrários ao projeto. “Esse lema [amai-vos uns aos outros, tema da parada neste ano] aponta para a necessidade de uma reinterpretação do texto bíblico”, disse o parlamentar.

Evangélicos

Com panfletos e pregações, um grupo de quatro evangélicos batistas de Santo André (SP) resolveu ir à Parada Gay para tentar "livrar os homossexuais de uma vida de sexo livre, prazeres vazios e vícios" e, segundo este grupo, encaminhá-los ao que chamam do caminho correto indicado por Jesus, longe da homossexualidade.

“Aqui é um momento de diversão passageira, vazia. É uma alegria repleta de vícios, bebida e sexo livre. Depois que passa tudo isso, o que fica? A frustração. A verdadeira alegria é Jesus”, disse Ivo Navarro, 44. “Eu buscava aquilo, mas quando descobri Jesus vi que a vida não é isso”, afirmou, em tom de pregação.

Bronca

Perdida em meio à multidão enlouquecida da Parada Gay, a artesã Imperatriz Favola, 21, mostrou incomodo pelo fato da bandeira multicolorida do movimento LGBT ser semelhante a da sua cidade natal, a tradicional Cuzco, antiga capital do império Inca, no Peru. “Em Cuzco a bandeira é igualzinha. Isso não é bom” afirmou a tímida artesã que vive há dois anos em São Paulo. “Não combina”, disse a artesã.