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'Macarrão mentiu na TV', diz delegado que cuidou de inquérito sobre sumiço de Eliza Samudio

Rayder Bragon

Especial para o UOL Notícias<BR>Em Belo Horizonte

01/08/2011 15h14

O delegado Edson Moreira, chefe do departamento de investigações de Minas Gerais e um dos responsáveis pelo inquérito sobre o sumiço de Eliza Samudio, disse que as declarações dadas por Luiz Henrique Romão, o Macarrão, ao programa “Fantástico”, da Rede Globo, neste domingo (31),“são totalmente contrárias às provas colhidas nos autos”.

“O inquérito está corroborado por provas documentais, periciais e testemunhais. E, em nenhum momento das investigações apareceu essa versão ou eles (réus) quiseram falar sobre isso”, afirmou Moreira.

Na entrevista gravada na penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem (MG), e veiculada neste domingo, Macarrão afirma ter dado R$ 30 mil a Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Souza, no sítio do atleta, em Esmeraldas (MG), e a teria deixado em um ponto de táxi, em seguida.

Macarrão nega ter tido participação na suposta morte da modelo, desaparecida desde junho do ano passado.“Essa história de que ela foi dada para os cães e concretada eu não fiz isso não”, afirmou.

A versão apresentada agora por Macarrão é parecida com a do goleiro Bruno Souza dada durante audiência de instrução e julgamento realizada em novembro do ano passado, no Fórum de Contagem (MG). O atleta havia citado que Eliza tinha sido deixada em um ponto de táxi.

O atleta ainda afirmou que Eliza deixara o filho dela, cuja paternidade é atribuída a ele, na propriedade do goleiro sob seus cuidados. À época, Bruno revelou ter ouvido da moça plano para ir a São Paulo quitar dívidas com R$ 30 mil que teriam sido dados a ela.

Por sua vez, Macarrão não havia prestado depoimento à juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, responsável pelo processo, e preferiu permanecer em silêncio, seguindo orientação de seus advogados de defesa.

“Em juízo, o Bruno argumentou essa hipótese. Agora, o Macarrão está falando sobre isso. Acho que eles estão preparando para, durante o júri (popular), o Macarrão assumir essa morte, juntamente com o menor. É o que deu para entender”, disse Moreira.

O primo do arqueiro, menor de idade, cumpre medida socioeducativa em Minas Gerais por prazo indeterminado – a cada seis meses a sua situação é reavaliada pela Justiça. A pena poderá se estender por até três anos. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, esse é o tempo máximo previsto na lei.

“O importante é dizer o seguinte: as provas foram muito bem consubstanciadas, e ela (Eliza Samudio) está morta”, disse o delegado. “Jamais uma pessoa iria deixar alguém em um ponto de táxi e depois queimar a mala dessa pessoa, no sítio, como fizeram em seguida. Essas afirmações vão totalmente contra o inquérito”, afirmou Moreira.

Réus

Bruno e Macarrão vão a júri popular por sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Já o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, será julgado por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.

Atualmente, Bruno está preso na penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte. Também estão detidos Macarrão, braço-direito de Bruno; Bola e Sérgio Rosa Sales, primo do jogador, conhecido como Camelo.

Respondem ao processo em liberdade Dayanne de Souza, ex-mulher do goleiro, Fernanda Castro, ex-amante de Bruno; Elenílson Vítor da Silva, ex-administrador do sítio; e Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, amigo do atleta.