Após flagrantes de trabalho escravo, lojas da Zara continuam cheias, mas clientes se dizem confusos
Três dias depois de equipes de fiscalização do governo federal flagrarem estrangeiros submetidos a condições análogas à escravidão produzindo peças de roupa da marca internacional Zara, o movimento nas lojas parece não ter sido afetado.
A reportagem do UOL Notícias visitou, incógnita, três lojas da rede na tarde desta sexta (19) e constatou que o movimento continua intenso. Na opinião de uma vendedora da Zara de um shopping na zona oeste de São Paulo, as vendas não caíram porque a rede “não tem responsabilidade alguma, e os clientes sabem disso”. Segunda ela, a responsabilidade é dos fornecedores.
Conversando com os consumidores, porém, nota-se que eles estão um tanto confusos. A advogada Márcia de Soussa, 57, diz que uma denúncia como essa “mancha o nome da empresa”. “Mas antes de parar de comprar eu queria saber se tudo isso é verdade.” Ela diz ainda que, independentemente disso, “a empresa deveria saber quem está contratando”.
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A estudante Luciana Paulillo, 24, não comprou nada, mas disse que, ao olhar as roupas, tentou observar as etiquetas. “Descartei tudo o que era ‘made in Brazil’. Mas acho complicado [comprar] mesmo assim, porque eu continuaria dando dinheiro para a loja”, disse.
Uma enfermeira de 42 anos, que não quis se identificar, saiu da Zara com uma sacola e disse que continuará comprando na loja. “Se eu deixar de comprar aqui, teria que deixar de comprar em vários outros lugares.”
A produtora de audiovisual Tatiane Takahashi, 23, tem opinião parecida. “Até que ponto as outras lojas não fazem a mesma coisa? Nesse sentido, o único lugar realmente seguro para comprar seria direto de uma oficina de costura conhecida.”
Já as estudantes Isabela Giordano e Patrícia Beyersdorf, ambas de 17 anos, que passaram pela loja e olharam a vitrine, mas não entraram, afirmam que não comprarão roupas da marca. “Eu não tenho da Zara e também não pretendo comprar”, diz Isabela.
Para Isabela, a rede precisa sofrer algum tipo de impacto. “Não comprar, pelo menos por enquanto, é uma forma de protestar contra isso. Eu sempre comprei na Zara, mas acho que a gente precisa se conscientizar e não fazer parte do que está errado.”
A Zara informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a circulação de consumidores e as vendas "seguem com normalidade". A empresa afirmou ainda que os clientes que perguntam sobre o caso são informados do "total repúdio" da Zara ao trabalho escravo.
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