Rio exige curso de baianas para liberar venda de acarajé nas ruas da cidade
As baianas que vendem acarajé no Rio de Janeiro farão um curso de manipulação de alimentos para poder vender seus quitutes nas ruas da cidade. A partir desta terça-feira (13), o Senac Rio começa a treinar 14 baianas. Em duas semanas deve ser publicada uma regulamentação com as normas básicas que deverão ser seguidas por quem for vender comida nas calçadas do Rio.
A iniciativa faz parte do Programa de Alimentos Seguros (PAS), elaborado pelo Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), Sesc (Serviço Social do Comércio), Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Micro Empresa), Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e Sesi (Serviço Social da Indústria).
Na primeira fase, haverá um treinamento na unidade do Senac em Madureira, com oito horas de duração, para orientar sobre as normas de higiene da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e os procedimentos adequados para cumpri-las, além de simularem, numa cozinha modelo, o preparo dos acarajés.
“Depois as baianas, serão acompanhadas por consultores do Programa de Alimentos Seguros nos locais onde elas preparam e vendem seus produtos”, informou a gestora do programa “Acarajé 100%”, Fabiane Alheira.
Durante as visitas, os consultores vão acompanhar o preparo dos acarajés e propor mudanças, por exemplo, na forma como os utensílios e alimentos são lavados e guardados. As participantes também vão receber orientações sobre como comprar ingredientes em bom estado de conservação e receber dicas de higiene pessoal.
A favor
A presidente da Associação das Baianas de Acarajé do Rio de Janeiro (Abam-RJ), Analys de Oyá, ou “Nega do Acarajé”, disse ser favorável à medida. “O prefeito [Eduardo Paes] falou que somos patrimônio e não podemos ficar fora das ruas”, disse ela. Desde 2005, o ofício de baiana foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Analys vende seus acarajés no bairro de Vila Valqueire, zona norte da capital fluminense, e diz que até juiz para o carro em frente ao seu tabuleiro para comer o quitute que aprendeu a fazer em Salvador, sua cidade natal.
“Sou soteropolitana, nasci em Massaranduba, na Cidade Baixa de Salvador. Desde os nove anos eu faço acarajé, tenho clientes cativos, até um juiz, que mora em frente ao meu ponto, faz questão de comprar meu quitute e pede vatapá e caruru para viagem”, disse a baiana, que é só sorrisos ao falar da comida que prepara.
Ela discorda da afirmação de que a comida tem forte relação cultural e religiosa com os costumes afros. “O acarajé comercial é bem condimentado, mas quando o fazemos como oferenda a um orixá ele deve ser com menos tempero, são adicionadas também outras especiarias, esse nem podemos vender”, explica a baiana.
Para Rosalvo de Lima, 48, que vende acarajé em três localidades do Rio de Janeiro, foi uma vitória. “Antes tínhamos que estar no canto vendendo nosso acarajé, mas a partir de agora teremos nosso direito de trabalhar assegurado”, afirmou.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.