Topo

Governo de Pernambuco cobra investigação e punição dos EUA a exportadores de lixo hospitalar

Carlos Madeiro

Especial para o UOL Notícias <br> Em Maceió

18/10/2011 19h12

Na primeira vez em que falou em público sobre a importação de lixo hospitalar americano e a venda do material por uma empresa do polo de confecções de Pernambuco, o governador Eduardo Campos (PSB) mostrou indignação e disse que vai pedir providências ao governo dos EUA sobre o envio de contêineres repletos de resíduos hospitalares.

Para Campos, não é justo que os empresários do setor têxtil pernambucano “paguem” por conta do erro de “dois vigaristas”. “Não podemos permitir que um contrabandista daqui e outro dos EUA prejudiquem um arranjo produtivo que gera 150 mil empregos. Encontramos nesse processo de fiscalização somente uma firma aqui, que importou produtos usados de hospitais particulares americanos. Isso passou pelo porto americano sem que as autoridades de lá pegassem. Nós fomos fazer toda a rota, e encontramos, fechamos e lacramos três galpões de uma só empresa”, disse, descartando a participação de outras empresas no esquema.

O governador afirmou vai pedir investigação e punição dos EUA aos responsáveis pela exportação do lixo hospitalar, que chegou a Pernambuco pelo Porto de Suape. “Eu vou notificar o ministro das Relações Exteriores do Brasil, com toda essa ocorrência, para que ele possa, imediatamente, informar as autoridades americanas para que elas providenciem inquéritos e punam quem está participando desse crime. É preciso punir toda a cadeia criminosa. Nós vamos punir aqui, quem comprou, quem usou da má fé, enganou os comerciantes. Esse vendedor [da Império do Forro de Bolso] praticava preços impossíveis de serem acompanhados”, relatou.

Campos ainda criticou a fiscalização dos portos americanos e afirmou que a falta de averiguação nos EUA resultou num grave problema para o Estado. “Se alguma fiscalização falhou, foi a americana. Quem pegou o lixo foi a fiscalização brasileira. As autoridades americanas precisam agora identificar quem iniciou esse processo”, afirmou.

Sem riscos

O governador pernambucano ainda ressaltou que consumidores que encontraram manchas escuras em forros de bolso de roupas compradas em Pernambuco não devem ficar com medo de contrair doenças. “Quero tranquilizar a todos, porque os técnicos garantiram que não há risco de contaminação”, garantiu.

Preocupado com a repercussão do fato no país, Eduardo Campos ressaltou que o polo têxtil do agreste de Pernambuco é formado por 22 mil empresas, que sustentam a economia de 14 municípios do Estado. “Essa é uma oportunidade de divulgar, para que as pessoas façam compras de Natal no polo de confecções pernambucano, que se tornou uma referência no país pela sua qualidade. Ele é formado por gente honrada, digna, que paga tributos. São pessoas que venceram todas as dificuldades, e não é possível que essas pequenas empresas paguem por conta desses vigaristas daqui e dos EUA. Eles não podem acabar com um trabalho de um polo de confecções com 40 anos”, assegurou.